O Baixo Alentejo, outra vez. O Praça da República torna a trazer notícias sobre Beja. Desta feita sobre as eleições na Região de Turismo da Planície Dourada. Lamenta o nikonman que o Jorge Revez esteja “cada vez mais refém dos ortodoxos” do PC. Eu cá conheço muito mal o Jorge. Tenho dele flashes opinativos contraditórios. Mas devo confessar que não me surpreende esse rapto voluntário… A ADPM nunca foi propriamente um contra poder e apesar de ser um dos pilares do excelente projecto Mértola – que foi excelente e merecia, agora, redireccionamento – nunca ousou questionar a voz mais ortodoxa do partido. O que lamento, caro nikonman, é que os nomes para esses lugares continuem a ser impostos a partir dos directórios partidários. E que para a Região de Turismo da Planície Dourada o nome de Carlos Pedro – ex-director da Bento de Jesus Caraça de Mértola e de Castro Verde – não seja sequer ventilado…
EpiCurtas
«O prazer é o principio e o fim de uma vida feliz.» Epicurus
terça-feira, setembro 30, 2003
RAIVA. SPORTING CP 1 - Gil Vicente 0. Uma vitória sobre todos os filhos da puta do futebol português. [quem lá esteve sabe bem o sabor deste golo... apesar de tudo, contra tudo e contra todos, vale a pena acreditar!!!]
sexta-feira, setembro 26, 2003
A SIC, a comunicação social portuguesa e a Liberdade. A SIC apresentou queixa, à Alta Autoridade para a Comunicação Social e ao Conselho Superior de Magistratura, de um magistrado que não quis prestar declarações nem, em defesa do seu direito à imagem, ser filmado pelas câmaras. Aparentemente indignada, a SIC, avançou com as queixas… Irada pela afronta repete, e repete, e repete, e repete, e repete, as imagens nos seus noticiários. Eu cá, diga-se à guisa de esclarecimento, desconfio um bocado de malta que usa togas ou batinas alimentando rituais discutíveis e gozando de uma intacabilidade não poucas vezes preocupante… desde os mais imberbes estudantes universitários, passando pelos doutos professores e acabando nos juízes… mas tenho que confessar que gostei de ver o desassombro – um bocado rude, diga-se… - com que o juiz da relação de Lisboa procurou fazer saber a uma certa comunicação social que esta não tem o direito de forçar declarações e de sacar as imagens que lhe aprouver se isso violar a liberdade individual dos outros. É que nessas repetições constantes, em que o juiz desalinha a abrupta, ouve-se a Sofia Pinto Coelho, esganiçada, a perguntar em tom de varina do mercado da Ribeira, “não comenta??!!! Porquêêêêêêêê???!!!” e o operador de câmara, enquanto filma, a afirmar que não está a filmar nada. Eu cá estou farto de assistir à intrusão em dor alheia. Farto de assistir a gente, que sente e expressa a dor da perda de alguém querido, filmada em grande plano para alimentar as audiências de facínoras ávidos pela desgraça dos outros, enquanto pretendem, sem vergonha, convencer que desempenham o papel de “bons samaritanos”. Eu cá estou-me a borrifar para o destino que esta historieta de baixa prestação cénica e cabotina representação venha a ter, mas era importante, de uma vez por todas, colocar no seu devido lugar esta comunicação social mesquinha, intriguista e abusadora. Porque uma coisa é investigar, noticiar e exercer, sempre, e até às últimas consequências, a liberdade de expressão, outra bem diferente é, em favor de um poder que, paulatinamente vai mostrando uma ambição desmedida e sem controlo, querer violar os espaços privados e as vontades individuais dos visados.
quarta-feira, setembro 24, 2003
LISBOA
Cidade,
Lisboa!
Bem bela,
E bem boa…
És antiga,
E moderna.
És Cantiga
Bem terna.
Que cheia,
Cidade!
De luz, de idade,
E de mendicidade…
Outra vez Beja. Espero que as notícias que me chegam de Beja, que o Praça da República faz o favor de ecoar pela blogosfera, sejam exageradas. A fazer fé nas descrições do nikonman a bela cidade do Sul está enferma. Dilacerada por gente pouco lúcida que lhe rouba a simplicidade das linhas, o asseio de aspecto, a sobriedade das estruturas, o respeito pela história, a tranquila respiração. Dilacerada por gente pateta que se aburguesou na ilusão de ser alguém. É que há uma burguesia bejense que é emproada e afectada. Que tem complexos que procura dirimir com sinais exteriores de riqueza. É uma burguesia partidarizada. Com poder no local. É gente que facilmente imagino a embarcar na ignominiosa cruzada de fazer de Beja uma cidade moderna… quando a esta lhe estava destinada e lhe era merecida a pós-modernidade.
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Post Scriptum – Caro nikonman, não será possível usar a Nikon para ilustrar o que nos vai contando? E, de facto, o que se passará com o Ao Sul?! Eu e o Anarca estamos à espera do tal almocinho...
terça-feira, setembro 23, 2003
A curva de Gauss. Parece que agora vamos passar a ter 5% de “excelentes” funcionários públicos e 25% de funcionários públicos “muito bons”. É a aplicação da curva de Gauss - a que, aparentemente, se quer chegar - à cabeça da recolha dos dados. Isso deixa-me extraordinariamente tranquilo, já que garante que os lugares de “absolutamente cretino e imbecil” – a que correspondem 5% da população – estão já devidamente preenchidos pelos gajos que conceberam este modelo de avaliação.
Eu gosto do júri do programa “Ídolos”. O Anarca, há dias, “espirrou” para cima do programa da SIC, que dá pelo nome de Ídolos. Eu gosto. Num país da treta onde tudo parece fácil, onde uma legião de jovens busca a glória e os seus 15 minutos de fama a troco das mais rasteiras figuras, onde para as universidades são convidadas as mais inefáveis criaturas, onde nas empresas se premeiam os subservientes capachos, onde por detrás de cada entrada à “leão” se segue uma saída à “sendeiro” e onde nada, realmente, se passa… Onde pela frente se amansa e por trás se enraba… A crueza das avaliações do júri dos Ídolos é Watzlawickiana… Rompe, definitivamente, a conversa mole que alimenta os espíritos da peregrina ideia de que sem esforço e sem qualidade se consegue alcançar o “lugar ao sol”. Ou será que ninguém ouviu aquelas abéculas enfeitadas a gritar com a convicção que cantavam?
segunda-feira, setembro 22, 2003
ROUBO ou DE COMO A TRADIÇÃO AINDA É O QUE ERA. Eu vi dois penalties sobre o Silva por assinalar e uma falta a anteceder a jogada que deu o golo do Moreirense. Como sempre ao Sporting não basta ser melhor que os outros para ser campeão nacional. Tem que ser muito melhor… Mas quero reiterar, aqui, a esperança de ver o meu Sporting sagrar-se campeão no final da época, contra tudo e contra todos. É porque é também por isto que a nós nos sabe melhor!
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Post Scriptum – Já agora… dava jeito que o Fernando Santos deixasse de insistir em jogar só com 10 jogadores…
sexta-feira, setembro 19, 2003
Abrupto e Twilight Zone. O Abrupto é mesmo um excelente blog. Hoje trouxe-me à lembrança um episódio fabuloso - de que me recordo perfeitamente - de umas das minhas séries de eleição. Obrigado, JPP.
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Nota marginal: Separam-me de JPP mais de 20 anos de idade... será que o é verdadeiramente bom não é geracional?
Afinal, afinal… sinto-me lisonjeado. Acabei de ler a notícia, graças ao link no Anarca. A Paula Bobo…ne vai dar aulas na Universidade. Ora, eu confesso que dar aulas no ensino superior era coisa a que aspirava (depois de uma breve e atípica experiência lá por terras alentejanas…). Mas esta notícia trouxe-me uma luz verdadeiramente reveladora. Depois da inquantificável merda que vi passear pelos corredores e salas das universidades com que contactei ao longo da minha vida académica, ao ler esta notícia percebi os critérios… Afinal, sinto-me lisonjeado pela ausência de convite. E percebo ainda melhor os meus amigos docentes – BONS docentes, diga-se… - que me telefonam e me escrevem e-mails exasperados pela trampa que escorre pelas paredes lá do tasco onde dão aulas…
Só para esclarecer. A direita e a esquerda é um dos temas – se não “o” tema… - de eleição da blogosfera. Esgrimem-se argumentos entre esquerda e direita. Entre direitas católicas e tradicionalistas e direitas conservadoras e liberais. JPP já afirmou que, hoje, não faz sentido discutir a direita em Portugal sem olhar para os blogues. Há de tudo e compreende-se bem como a designação “direita” é francamente pobre para trazer grande luz à maior parte dos debates. Eu cá já me entusiasmei mais do que agora com estas discussões… Mas como, logo no advento do EpiCurtas, me afirmei de direita. Como tenho merecido por parte de alguns ilustres blogs da mesma área política (Fumaças, Jaquinzinhos, De Direita, Mar Salgado) classificação de proximidade na arrumação dos links. Como até Pedro Mexia, no Dicionário do Diabo, referenciou o EpiCurtas como blog de direita recomendável. Como já polemizei com o Católico e de Direita e com o Cristão Praticante. Como já esclareci as distâncias em relação ao Sexo dos Anjos. E como sou pouco interveniente nesses debates que atravessam a blogosfera, pareceu-me pertinente esclarecer algumas coisas. O EpiCurtas não é xenófobo, nem racista!!! O EpiCurtas troca a pena pela espada, ante o repto pertinentemente lançado pelo Mar Salgado. O EpiCurtas não é hómofobo. O EpiCurtas não gosta especialmente de excesso de normatividade e regulamentação. O EpiCurtas é quase um anti-proibicionista. O EpiCurtas, apesar do seu optimismo, é um pessimista metódico… Acredita mais no Hobbes, que no Rosseau… Mas prefere o Toqueville ao Montesquieu.
quinta-feira, setembro 18, 2003
Aviz. Silêncio. Imenso. Nunca mais é dia 24…
Pensamento do dia, da semana, do mês. «Ora deixa cá ver… 35 semanas… quando é que é a próxima lua cheia? Porra… que o gajo nunca mais sai!!!!»
Breve nota sobre os bloqueadores de rodas. Os bloqueadores de rodas são, na maior parte das suas utilizações, uma violação dos direitos de propriedade dos cidadãos e configuram um abuso grave de autoridade.
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Post scriptum – não, não me bloquearam a roda do automóvel…
quarta-feira, setembro 17, 2003
João Hugo Faria. Tenho visto em alguns blogs manifestações de repulsa em relação ao João Hugo Faria, resolvi seguir um link e cheguei lá… surpresa das surpresas, eis que dei com o mais hilariante blog da blogosfera portuguesa. Gosto de rir com o non-sense e a partir de observações neuróticas que se faça da realidade. Quando o humorista resolve encarnar o papel de demente alucinado e o faz com convicção temos o festival perfeito. O João Hugo Faria é o humorista do momento!!!
Vasco Pulido Valente. Ao ler o achoeu lembrei-me de como, de facto, faz falta ao país o Vasco Pulido Valente. Boas melhoras e rápido regresso, VPV.
terça-feira, setembro 16, 2003
Anarquia com nível. Acabei de chegar de um almoço hedonista. Com todas as coisas boas da gastronomia e enologia alentejana. Com todas as coisas boas das amizades alentejanas. Puras e de elevada qualidade. Estiveram presentes alguns bloggers… anarquistas ou nem por isso… mas o que uniu os comensais foi mesmo o Epicurismo.
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Nota: A merecer uma visita fica a sugestão: O Ganhão de António Simões, na Rua Elias Garcia, na Venda Nova, Amadora.
segunda-feira, setembro 15, 2003
VITOR DAMAS (1947-2003). O EpiCurtas está de luto. Pela perda de um gigante do universo Sporting. Na baliza um rei, na vida um senhor. Eternamente connosco. Paz à tua alma.
sexta-feira, setembro 12, 2003
O meu silêncio no 11 de Setembro O meu silêncio no 11 de Setembro e sobre os 11 de Setembro foi ostensivo. Foi um silêncio para todos os revisionistas. Para todos os maniqueístas. Para todos os ritualistas. Para todos os que têm memória curta e/ou selectiva para coisas tão importantes como a Vida humana e a Liberdade. Foi um silêncio para todos os fanáticos que só conseguem ver as coisas a preto e branco. Os de esquerda e os de direita. Para todos aqueles que “só” acham Bush um facínora. Para todos aqueles que “só” vêem o mal, e todo o mal, no mundo islâmico. Para todos aqueles para quem a ditadura do Pinochet é uma coisa menor ou incomparável menor que o atentado em NY. Para todos aqueles que ostensivamente “minoram” as vítimas inocentes do Afeganistão e do Iraque. Para todos aqueles que lamentando as vítimas do WTC até acham que foi uma lição merecida para os EU. Para todos os que consideram a ameaça terrorista externa ao mundo ocidental a grande - a única... - ameaça dos dias de hoje e se esquecem, recorrentemente, de Okclahoma, Waco ou Colombine – perigosas ameaças dentro do Império. Para todos os que condenam Pinochet e se esquecem sempre que Allende não era um democrata. Para todos aqueles que fazem contabilidade com as vidas humanas. Para todos aqueles que têm todas as certezas. O meu silêncio no 11 de Setembro foi o silêncio de quem não tem certezas nenhumas. De quem não tem nada inteligente para dizer. Foi o silêncio de respeito pelos mortos.
quarta-feira, setembro 10, 2003
Círculos Uninominais.
Entrando na discussão iniciada pelo Catalaxia, pelo Fumaças e pelo De Direita, teçamos algumas considerações acerca dos círculos uninominais.
Os círculos uninominais:
a) Promovem o bipartidarismo, que se bem que tenda a eliminar vozes à esquerda e à direita com representação política autónoma, força, teoricamente, um afastamento entre os dois principais partidos, levando-os a acolher, no seu seio, maior heterodoxia. São, contudo, conhecidas manobras estratégicas de dissimulação ideológica que não garantem linearidade a esta ideia (vide terceira via); [nota marginal: pergunto-me, caro Fumaças, o que é que pode levar a ND, do mero ponto de vista do valor da sua existência, a defender um sistema destes…]
b) Facilitam a constituição de governos maioritários e estáveis. Tal facto elimina a necessidade de coligações para garantir viabilidade governativa. É claramente a opção governação que se sobrepõe à opção representatividade;
c) Aproximam aparentemente o eleitor do eleito. Esta aproximação aparente é extraordinariamente discutível já que se em círculos rurais esta pode resultar em favorecimento de caciquismo, em círculos urbanos poderá ser substituída por mediatismo. Em qualquer dos casos a defesa dos interesses locais não é absolutamente garantida;
d) Estabelecem uma representação nacional de base local. A constituição de um hemiciclo nacional a partir de uma alegada defesa de interesses locais tende a deixar de fora da discussão questões de natureza macro. E questiono se em sociedades crescentemente urbanas é a questão geográfica a que dominantemente deve marcar o debate político nacional. Sem embargo da importância fulcral do municipalismo, que deverá ter as autarquias como veículo de expressão privilegiado.
[tema muito em aberto, para, eventualmente, ainda cá voltar…]
terça-feira, setembro 09, 2003
Vi Taking Sides, de Moises Kaufman, uma peça encenada, entre nós, por Carlos Avilez, no TEC - Teatro Experimental de Cascais. Uma peça sobre Furtwangler. Uma peça sobre a arte e a vida. Uma peça sobre a dificuldade de julgar. Uma peça desconcertante... como o tema que aborda.
Furtwangler e Riefenstahl. Não são casos exactamente iguais, mas têm pontos de contacto que permitem um debate interessante. A obra dela serviu, directamente, para glorificar o Reich. O talento dele serviu, indirectamente, para o alegrar. A ambos foram conhecidas ligações a figuras destacadas do NSDAP. A ambos, em sua defesa, atribuídos “desconhecimentos” do que, realmente, se passava na Alemanha Nazi. Ambos podiam ter optado pela Resistência. Ambos podiam ter optado pelo exílio. Dietrich fê-lo. Ambos alegaram o amor à sua arte. É o amor à arte compatível com o olhar comprometido com a barbárie? É separável o artista da pessoa? Saberemos, com exactidão, o que cada um deles sentiu, sabia ou pensou? Eu cá acho-os geniais. Quanto a Leni Riefenstahl, a obstinação com que se entregou à sua arte, a constância que foi capaz de manter, a força, a coragem e a determinação com que viveu (foi bailarina, actriz, cineasta, fotógrafa) fizeram dela uma mulher de excepção. Quanto a sua obra… genial! E com todas as dúvidas sobre as opções políticas e humanas que terá tomado… brrrrrrr… fica um arrepio na espinha e uma dúvida de árdua deglutição…
Será possível ser-se genial sob o jugo da besta? Leni Riefenstahl e Willem Furtwangler genios ou lacaios do crime?
Berta Helene Amalie Riefenstahl (1902-2003). «O corpo dela simplesmente parou» disse Horst Kettner a propósito da morte da sua companheira, Leni Riefenstahl.
sexta-feira, setembro 05, 2003
Bom fim-de-semana.
UM LONGO SÁBADO. O mundo devia fechar de vez em quando. Nem sequer para balanço. Só para que o vento, chegado do alto da terra, nos obrigasse a respirar. Seria um longo sábado de Verão. in Aviz
Breves Nótulas para um Manifesto Leonino (ainda no rescaldo da terça-feira negra!)
1. O FCPorto só desde a década de 80, com Pinto da Costa à frente do Clube e José Maria Pedroto à frente do balneário, é que são conhecidos pelos SuperDragões. Antes disso o FCPorto era conhecido como o clube dos Andrades. Que ante a eminência de atravessar a ponte D.Luís já começava a perder. O que Pinto da Costa levou a efeito nas Antas foi uma profunda alteração da estética do clube, uma verdadeira revolução simbólica. Revolução essa que teve extensão no grupo de trabalho e nas regras dominantes no seu seio. Garantindo para o clube um balneário sempre coeso e com jogadores sempre mais preocupados no grupo de trabalho que com as suas pequenas vaidades.
2. Pelo contrário, em Alvalade, excepção feita ao consulado de Octávio Machado e, honra seja feita, do Augusto Inácio, o balneário sempre foi um Olimpo de primas-donas, super-vedetas. Onde a excelência dos artistas sempre esteva muito acima dos interesses colectivos. O Sporting tem sido um clube onde isto, nos mais pequenos gestos, tem sido recorrentemente reforçado. Desde o “mágico” Pedro Barbosa que se farta de fazer merda, mas que conta com uma falange de apoio incondicional. Passando pelo achincalhamento, permitido e apoiado pela direcção e treinador, com que o FDP16 se deu ao luxo de nos presentear e ainda pelos aplausos e cânticos com que, apesar de tudo, os adeptos ainda assim o tornaram a receber. Ou ainda os célebres “três mosqueteiros” das passareles (Dani, Dominguez e Sá Pinto). E culminando com o mau trato ou as “anedotas” que se contam sobre todos aqueles que, apesar da menor genialidade em campo, sempre se mantêm calados e sempre dão tudo o que têm, sabem e podem quando envergam ou envergaram a camisola do leão, como Vidigal ou Hugo. Estes sim, Semper Fidelis!!!!
3. O Sporting é o clube dos “elevados” valores morais. Da gentileza. Da cortesia. O clube dos Soares Francos, dos Teixeira da Cunha. O clube que se considera uma extensão do antigo clube da tapada em Cascais. O clube do chá. E enquanto assim for, o melhor é dedicarmo-nos ao Bridge e à Canastra, porque em futebol levaremos sempre na pá de clubes como o FCPorto, ouviremos as provocações do “pagamento da factura”, pagaremos e calaremos.
4. Isto para dizer que o futebol é uma contenda. É uma representação simbólica de tribalismo. De clãs. E a entrega ao jogo deve ser total. (já sei que há quem julgue estas afirmações dementes e imbecis, mas o mundo é feito de diferenças…)
5. Como? Para que diabo temos uma academia?! Para formar jogadores cujo maior sonho é, aos 18 anos, sair do clube???!!!! Para formarmos jogadores como o Suinão Simulão? É na academia que começa o trabalho.
6. E quanto à equipa de trabalho, nem que tenham que levar, ao intervalo, com uma chuteira no focinho como o Fergunson fez ao Beckham… Aquilo não é ballet, é futebol. E, lamento a ordinarice da expressão, “o futebol não é para meninas”!!!!! E àquele balneário “foge sempre o pé” mais para a maquilhagem que para o futebol.
Não conto. Caro Anarca, notei o convite que me fez para contar uma história da esposa-do-senhor-do-post-abaixo. Mas não conto. Aliás, pergunto-me que interesse poderia ter contar a história de uma senhora, professora universitária, que é esposa do futuro reitor e tia de uma destacada figura de estado? Qual é o interesse, caro Anarca, de contar que essa senhora gostaria de pegar num semestre inteiro de mestrado de 24 horas, inicialmente programado para decorrer ao longo de 12 semanas, e transformá-lo num compacto de um semana? Qual é o interesse de contar que essa senhora conduziu uma manobra de manipulação sobre os alunos, fazendo valer o seu poder? E qual é o interesse de contar que a maior parte dos alunos ouviu, não tugiu nem mugiu, e acatou a “sugestão”? E que quando questionada a decisão, a dita senhora procurou intimidar publicamente quem o havia feito? Qual é, caro Anarca, o interesse de contar mais uma história da universidade portuguesa onde se mostra que há professores arrogantes e prepotentes, que colocam os seus interesses acima dos interesses pedagógicos, e que a maior parte dos alunos, mesmo ao nível dos mestrados, são uma carneirada medrosa? Não, caro Anarca, não conto!!!
quarta-feira, setembro 03, 2003
Os cães a ladrar e a caravana a passar… Então não é que um gabiru qualquer, chamado Ernie Walker, de uma instituição qualquer que dá pelo nome de UEFA, quer agora destabilizar o coro de latidos que sobre o Alvalade XXI tanto se tem esforçado até ganir de cansaço? Porra, já não há respeito pelo esforço de tantas consciências de aguçado espírito crítico.
Portugal, um país sem salvação? Parece que o Diamantino Durão – noticia o Anarca – já foi nomeado reitor da Universidade Lusíada de Lisboa. Agora sim! Agora é que a Universidade Lusíada “quase que pode ser tão boa” como as universidade públicas. Eu cá, como passei por uma das universidades públicas – a Nova de Lisboa - mais conceituadas do país – vá-se lá saber porquê… -, e também pela Universidade Lusíada não sei se corra atrás do rabo – qual neurótico desesperado –, se faça as malas e emigre… Com tanta merda neste país, por mais que se acredite no “eu” e se esforce a individual agência, parece que a melhor saída é a desistência…
Alentejo. Não sou alentejano. Mas amo o Alentejo. E não o faço com o distanciamento urbano, que acha pitoresco o Domingo ao sul. Amo o Alentejo pelo que é. Verdadeiramente. Pelas suas cores, pelos seus sabores, pelos seus cheiros, pelas suas gentes, pela sua dolência e irreverência. E sei do que falo. E falo do Alentejo mais distante. Do Baixo-Alentejo. Do Alentejo Interior. Do Alentejo quente, no Verão, como o forno do pão no Inverno. Do Alentejo frio, no Inverno, como o gaspacho no Verão. Falo do Alentejo desprezado pelo poder político. Abandonado pela comunicação social. Usado pela urbanidade chique. Do Alentejo de Barrancos – uma vez mais olvidado, como durante séculos, agora que a tensão já não se sobrepõe à tradição.
Sem Honra, nem Glória.
É honra que trazeis,
Bravos guerreiros?
É com empenho que lutais?
E sangue e suor
No campo derramais?
É Esforço empenhado
E absoluta Dedicação,
Devoção profunda
E Glória, Leão?
Não!
É ignominiosa desonra
Com que a casa tornas
Não pela derrota na contenda
Mas pelo brasão que,
uma vez mais, puseste à venda!
terça-feira, setembro 02, 2003
A questão europeia. Não sei se o Pacheco Pereira lê o EpiCurtas, mas se não lê parece que lê. E ainda bem! Ontem, a propósito de uma visita ao EpiCurtas a partir do servidor do Parlamento Europeu – que, de resto, hoje se repetiu – lamentei a ausência do debate sobre a construção europeia na blogosfera. Hoje, no Abrupto, JPP escreve Pareceres?, onde reclama a necessidade de um debate político em torno da questão da Constituição Europeia, afirmando que muito antes de ser um assunto técnico este deveria ser um assunto político. Estou absolutamente de acordo. Mais. Fala, JPP, da “necessidade” de uma Constituição Europeia e da existência, ou não, dessa mesma “necessidade”. E isso é recolocar, de forma ainda mais adequada, o debate. Discuti-lo sociologicamente. Para mim, enquanto boa parte dos universitários portugueses - e isto só para dar um exemplo de uma franja da sociedade alegadamente qualificada - recearem ou não estiverem, de todo, habilitados a exprimirem-se em inglês, com os outros todos, do resto da Europa e do mundo, bem podem aprovar as Constituições que quiserem, porque a realidade política que esta exige que lhe esteja subjacente, pura e simplesmente, não existirá.
A Origem do Amor. Descobri, por acaso, este blog. Gostei! E recomendo Cão como nós, um post lindo a fazer-me recordar a Blimunda – aquela que foi a minha retriever labrador…
ReporterX. Sr. Van Krieken, uma criança, social e afectivamente fragilizada, abusada sexualmente, que dê em «prostituto», «instável», «delinquente», «impulsivo», «agressivo», «pouco adaptado à realidade», tem menos valor que o seu filho?
Benfica e o Poder Político. Parece que, afinal, não é só o PSD que se deita na cama dos lampiões. Aquilo parece uma romaria de rameiras...
segunda-feira, setembro 01, 2003
Benfica. Eu, tal como o FJV, nunca imaginei utilizar o espaço do EpiCurtas para promover sites benfiquistas... É, de resto, conhecida a minha veia facciosa e anti-lampiã... Mas não resisto a recomendar o Nietzsche & Schopenhauer, que tem uma graça...
Imparcialidade Qualidade do que não toma partido, do que é imparcial.
Imparcial Que coloca a justiça, a verdade, os factos acima de interesses pessoais.
(in Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia de Letras de Lisboa)
Questionar a imparcialidade de alguém - parece-me... - crer que alguém coloca interesses pessoais acima da justiça e da verdade. Faze-lo em relação a um Juíz significa dizer que este não tem condições para desempenhar o cargo que ocupa. Se eu fosse o Rui Teixeira obrigava os senhores advogados a levar as suas afirmações até às últimas consequências. É que já chega de tanta pantomina inconsequente!!!
1 September 17:09 European Parliament, Brussel, Belgium. Acabo de detectar que o EpiCurtas foi visitado por algum ilustre membro dessa instituição de proximidade que é o Parlamento Europeu. E, assim de repente, reparo como é praticamente ausente da blogosfera a discussão da construção europeia... será isto sinal de alguma coisa?
Portugal. Mal caladas estão ainda as vozes que iraram pelo estado das matas e pela ausência de manutenção e limpeza das mesmas, que tantos incêndios aumentaram no mundo rural português e eis que, à primeira chuva do ano, o mundo urbano se vê a braços com cheias, abatimentos e aluimentos… desde valetas entupidas, aterros mal acondicionados, construções de fraca qualidade, vales de cheias cimentados, há um rol de ignomínias urbanas para descascar.