sexta-feira, março 31, 2006

Trabalhadores e Sindicalistas (inspirado no Empresários e Capitalistas, no Canhoto)

1. Embora muitas vezes confundidos, não são o mesmo. Trabalhador é aquele agente económico que, com a sua “mão-de-obra” (física e/ou intelectual), ajuda a desenvolver empresas e a criar riqueza. Ou seja, é alguém cujos ganhos resultam de uma actividade levada a cabo por conta de outrem que cria riqueza e pelo qual se vê remunerado. Sindicalista é aquele que ganha com as dificuldades dos trabalhadores, sobretudo quando, em nome da defesa dos interesses dos trabalhadores, ganha com os resultados dos ganhos dessa actividade e com a manutenção de um certo status qou. Em alguns casos as funções trabalhadora e sindicalista combinam-se numa mesma pessoa…

2. Em Portugal, há muitos exemplos típicos de sindicalistas profissionais que já se esqueceram do que é ser trabalhador. Seja-se ou não de direita, é indiscutível que os sindicatos se transformaram em organizações arcaicas, arcaízantes e fortemente inibidoras de reformas estruturais.

[em simultâneo no Epicurtas V Anarquistas]

quinta-feira, março 30, 2006

Fight club
Comecei por assinar neste blog como Tyler Durden. Depois perdi a vontade de alimentar esta faceta combativa, mas, convenhamos, o que é demais é demais. Tenho vindo a ser, de há uns tempos a este parte, provocado na caixa de comentários por um amigo esquerdista: o Bibliotecário Anarquista. E tenho evitado a todo custo responder-lhe. Para mim chega! De ora em diante o clash of titans segue no Epicurtas v Anarquista.

quarta-feira, março 29, 2006

Cães danados!

Estava eu todo contente com o "encerramento" da tese de mestrado e vem, na caixa de comentários do post aqui de baixo, o digníssimo orientador da tese publicitada lembrar o resto do sofrimento que ainda me falta. Ora nem a propósito... passei a manhã a receber congratulações de amigos, mas tive o cuidado de, a cada uma delas, responder com a lacónica frase: "obrigado, mas ainda falta o tete-a-tete com os cães danados!" É que consta que os júris são criaturas ferozes; e a fazer fé na frase do único elemento desse júri que tenho por certo - "encerrada? e o resto do sofrimento?" - deverão ser...

Mas cada coisa a seu tempo... Até porque isto é como no futebol. No dia do jogo posso levar uma cabazada, mas até ao jogo ninguém me há-de calar!!! Porque essa diversão e, neste caso, satisfação ninguém ma tira!

Nem estes senhores da fotografia!

terça-feira, março 28, 2006

Encerrada em .pdf e entregue na secretaria!

PONTA SUL: O Rei!

segunda-feira, março 27, 2006

O cinéfilo machista: Ora aqui está um filme em condições!

quarta-feira, março 22, 2006

A ler, nos Canhões de Navarone. Sobre o conformismo irresponsável do português. O Estado não como o grande irmão, mas como o omnipresente pai. O Estado "protege", o Estado "castiga", o Estado "esclarece", o Estado "financia", o Estado "proporciona", o Estado "sonega", o Estado "prejudica", o Estado tudo!!!!!! E os cidadãos nada!!!! Será por isto que temos gente de 30 anos ainda a viver em casa dos pais? Pobre país o nosso.

quinta-feira, março 16, 2006

PONTA SUL: Antevisão!

PONTA SUL: Números
Nos últimos 11 jogos (9 para a Liga e 2 para a Taça) o Sporting somou 10 vitórias, 1 empate, 21 golos marcados e 4 golos sofridos. É só para informar os mais desatentos...

PONTA SUL: Bom-dia, Guimarães!

terça-feira, março 14, 2006

Organizational Behaviour, #3
Se não lhe apetece trabalhar e precisa tempo livre, durante o horário de expediente, para fazer outras coisas, escreva um memorando para ser lido por alguém de um departamento diferente do seu. Certifique-se que o memorando segue o fluxo normal, com estrito respeito pelas hierarquias. Daqui a 3 meses, quando tiver a resposta, repita a operação, desta vez solicitando um esclarecimento. Use buzzwords. Fale em objectivos estratégicos e operacionais, fale em PDCA, fale em Política de Qualidade, mas não faça nada enquanto não o mandarem fazer...

Organizational Behaviour, #2
Quando a equipa que coordenamos, por alguma razão, não responde aos desafios imediatos devemos evitar identificar os problemas que subjazem ao atraso. Toda a gente sabe que problemas atraem problemas. Devemos, com ar de professora do 1º ciclo, e sorriso apatetado, bater palminhas e dizer: "vá lá, meninas! temos que cumprir o objectivo." As equipas têm uma impressionante capacidade de auto-organização e improviso.

Organizational Behaviour, #1
Quando os colegas ou os subordinados não respondem adequadamente às nossas aspirações deveremos cuidar, ou encarregar alguém que o faça, de espalhar sal debaixo da secretária de quem queremos alterar o comportamento.

sexta-feira, março 10, 2006

O “anel de sinete” e a aristocracia bufa!, 2
[“carta” aberta ao Francisco]
Caro Francisco,
Não iludas e, sobretudo, não reduzas a tão nobres e desinteressadas intenções a utilização do “sinete”. Eu sei que essa do “não desagradar quem mo ofereceu” é corrente. Mas não creio que muitas dessas mesmas pessoas – preconceituoso, por preconceituoso, vou levar a coisa até ao fim – tenham lá em casa, em cima do aparador do IKEA, o galo de Barcelos que a tia lhe trouxe quando foi ao norte, ou que usem aquela camisola inacreditável que a avó lhe deu nos anos. Mas isso é irrelevante. Quando te peço para não iludires e não reduzires a tão nobres e desinteressadas intenções a utilização do “sinete” é porque sei que sabes – eu pelo menos sei, porque já vi – que a utilização do tal “sinete” é, na larga maioria dos casos, a utilização de um signo de distinção. Uma forma que o seu portador tem de se destacar do resto “do seu povo”. Uma distinção que é, tantas vezes, incentivada pelos familiares que lhos oferecem e que, por via deles, ascendem, ou aspiram a ascender, socialmente. Quando dizia que compreendia sociologicamente o fenómeno, queria dizer que isto é normal. Mas quando dizia que o fazia com comiseração, queria dizer que o lamento. E sabes porque é que o lamento? Eu sei que sabes, porque tu, com toda a certeza, também o lamentas. Lamento-o porque não gosto de ver “nharros” – para utilizar a tua expressão – a exigirem, num exercício de sobranceria inadmissível, o tratamento de “doutor” a torto e a direito. Lamento-o porque não gosto de ver pessoas a admitirem essa sobranceria. Lamento-o porque o valor das pessoas não está nem na família de origem, nem na licenciatura que têm e, portanto, todos os mecanismos para fazer valer uma destas me revolvem as tripas. E, de resto, se bem notaste, o que lamentava era sobretudo o facto da Universidade não ser capaz de deitar por terra essa coisa do sentimento de “ascensão ao Olimpo” pelo mero e trivial facto de se concluir uma licenciatura.

Não é, portanto, o “sinete” académico ou aristocrático em si. É o que subjaz, na maioria dos casos, à sua utilização. Porque quanto a gostos, cada um tem os que tem!

Valente abraço,
pgs

PS - Bem sei, bem sei... O nosso almoço. mas a vida não tem sido nada fácil!

Por falar em Ruralidade, 6 [Correio]
A minha amiga TG enviou o seguinte e-mail.

Andava eu pela Fnac, quando subitamente, deparei com o seguinte livro “cozinha rural”…
O dito propõe ensinar a cozinhar verdadeiras refeições rurais, e o que é isso? Bom, ao que parece, depois de uma vista de olhos muito rápida, é uma cozinha “autêntica”, confeccionada com produtos da terra (talvez apelando á tal agricultura de subsistência …) e em bom português, do estilo “enfarta brutos” – para que as memórias e hábitos rurais (ditos mais saudáveis) estejam presentes no nosso quotidiano, pelo menos, ás refeições.

quarta-feira, março 08, 2006

Dia da Mulher (actualização - recebido por e-mail)
Do lado de cá...

Female Genital Mutilation
Informação por países: http://www.amnesty.org/ailib/intcam/femgen/fgm9.htm

O dia da Mulher (editado)
Cheguei há pouco de um restaurante onde era o único homem. Fui almoçar com a minha mulher e notei que, à nossa volta, vários grupos de mulheres se tinham juntado para celebrar - foi o que depreendemos - o dia da mulher. Mas, infelizmente, não creio que este dia seja um dia de festa. Sê-lo-á, possivelmente, para aquelas mulheres que, sem homens a controlá-las, livremente tinham ido almoçar com as amigas e pago o almoço com o seu dinheiro, ganho no exercício de uma profissão por que lutaram. Mas este dia, mais que os outros dias da mulher dos últimos anos, é um dia de pesar. É um dia de profunda consternação. Porque alguns dos que durante anos e anos nos andaram a zurzir – a nós que não gostamos destes dias oficiais – sobre a necessidade de defender os direitos das mulheres, são alguns dos que, recentemente, nos zurziram quando defendemos a publicação dos cartoons sobre o Maomet. São os mesmos que nos vieram, de dedo espetado, falar da necessidade de compreender as diferenças e de respeitar as crenças dos outros. Logo a nós! São os mesmos que vieram, cuspindo em alguns dos pilares mais fundamentais da civilização ocidental, defender o Islão! A esses, sobretudo em nome das mulheres do Islão, dedico as fotografias em anexo. Porque, aparentemente, se terão perdido algures no politicamente correcto, e se terão esquecido do essencial. Peçam-me para respeitar as diferenças, mas não me peçam para meter no saco algumas das conquistas mais fundamentais, conseguidas ao longo de séculos, e à custa de muitas vidas, que a civilização ocidental alcançou: a liberdade de expressão e o respeito pelos direitos humanos para mencionar apenas dois. Eu sei que por cá também há violações dos direitos das mulheres. Mas por cá, bem ou mal, temos um sistema em permanente afinação, em relação ao qual podemos exprimir as opiniões que entendermos, que permite julgar e punir os autores desses abusos.

Cão de Guarda
Os comunitarismos, quem me conhece percebe isto melhor, irritam-me um bocado. A bem da verdade só gosto de utilizar a palavra "nós" para me referir a duas coisas: à minha família e ao meu Sporting; o resto é contingencial. Bom, seja como for, há comunitarismos e comunitarismos e o dos nossos amigos é sempre melhor que o dos outros. E, de resto, cada um é como cada qual. É por isso que recomendo o Cão de Guarda. Pela amizade. Pela Susana. Que são razões bem mais importantes que as pequenas e irrelevantes diferenças. Mas atenção, as pequenas e irrelevantes diferenças existem e, portanto, aqui fica o alerta para os que daqui navegarem para lá: aquilo está carregado de lampiões, cravos vermelhos e nostalgias revolucionárias. Assim, já sabem ao que vão. Em princípio, e por estas razões, não seria um lugar muito recomendável, mas quem, de entre vós, pode dizer sem mentir que um ou mesmo estes dois flagelos, o da esquerda e o do benfiquismo, não se abateu já sobre algum dos seus?! ;-)

Por falar em Ruralidade, 5 [Ecos dos Açores]

A minha amiga SC, a partir do Atlântico, reagiu à discussão sobre a ruralidade, cá vai o seu primeiro contributo:

Fica apenas uma impressão do teu primeiro post lido na transversal: depois daquela nossa conversa de urbanos em espaço rural, parece-me que estás a romantizar...que há muito mais qualidade de vida (enquanto preservação física, até), há, claro, mas quanto ao resto da temática...falta muito, falta o "supérfluo" J e falta a entourage social que nos faz inovar e ter vontade de fazer coisas, de criar com outros (claro que a criação é antes de mais um processo solitário...enfim...não vamos por aí). Mais. Faltam coisas de que nos alimentemos. E criá-las sozinho (ou recriá-las) não é fácil. Mas adiante.

Entretanto, o meu meio actual é interessante. Sendo cidade, não o é. É uma cidade que ainda não deixou totalmente de ser aldeia. É uma espécie de limbo. Falta-lhe a dinâmica urbana, que a própria cidade gera, sobra-lhe uma verdadeira inadaptação dos modos de vida ao novo espaço construído. Talvez por isso, às seis e meia da tarde estas ruas sejam um deserto.

Por falar em Ruralidade, 4
Pergunta inconveniente 1: Porque é que o mundo rural, repleto de Associações de Desenvolvimento Local e Regional e de IPSS, albergue, quiça, de milhares de licenciados em ciências sociais é, normalmente, descrito por professores universitários urbanos e da cidade e raramente por esses jovens licenciados que trabalham no terreno?

Pergunta inconveniente 2: Porque é que uma fatia muito significativa dos técnicos de desenvolvimento local (em meio dito rural) - pelo menos no Alentejo isso nota-se bem - são provenientes de Lisboa, contrastando com a relativa presença, nessas associações, de locais qualificados?

Por falar em Ruralidade, 3
Pergunta irrelevante: Ainda faz sentido uma disciplina chamada Sociologia Rural e Urbana?
Pergunta interessante: Quando se ouve falar da defesa dos interesses e na luta pela preservação do Mundo Rural, estamos a falar de quê?!

Pista: Já reparam que todas as soluções apresentadas para a promoção dos territórios onde, antes, dominava a ruralidade são soluções urbanas?

terça-feira, março 07, 2006

O "anel de sinete" da aristocracia bufa!
Como é que é possível que em 2006, em Portugal, ainda haja jovens recém-licenciados (e outros já não tão recém...), que a primeira coisa que fazem quando acabam os cursos (umas meras licenciaturas de qualidade duvidosa, ainda por cima) é espetar nos dedos os ilustres aneis de curso?! Num país onde falta gente arrojada, desassombrada, auto-confiante, continuamos a ter mais e mais "doutores". Sociologicamente - e até com uma ponta de comiseração - eu até compreendo o fenómeno. Mas o que não posso aceitar é que a Universidade não tenha sido capaz, em 4 anos, de deitar por terra essa tentação possidónia, arcaica e arcaizante. Como diz um amigo meu: não me espanta que tenham concluído o ensino superior, o que me espanta é que tenham concluído a 4ª classe.

Faz o que digo, não faças o que eu faço
Era uma vez um país muito engraçado, um país tão engraçado que as casas, como dizia a canção, não tinham portas, não tinham nada. Ora este país tinha um soberano moderno e bondoso que, numa linda manhã, a brincar no jardim, não fez o que a mamã lhe disse e definiu, como desígnio nacional, aquilo que ele designou choque tecnológico. A certa altura a mamã chamou-o e disse-lhe, outra vez, assim: "não brinques só a correr, escorregas sem querer, se cais ficas mal!" Respondeu "pronto, está bem!", depressa porém, esqueceu-se de tal. Não se lembra depois como foi, mas o dirigente nomeado para o Plano Tecnológico deu-lhe um pontapé. O Ministro fez birra porque queria que os meninos americanos brincassem no seu quintal. E, ninguém contou nada a ninguém, mas um instituto público que dirigia um programa de combate à info-exclusão tinha, num distrito ao sul do país, uma interlocutora privada de acesso à net!

Sobre os patetas da esquerda quando falam sobre a direita
A resposta inspirada de Alexandre Soares Silva: [a Direita] [é], like, tipo assim, uma tradição intelectual do ocidente - como a esquerda, só que com melhor estilo.
Com muito melhor estilo, devo acrescentar!

O adultério e a idade
Num estudo realizado no Reino Unido os jovens mostram-se mais intolerantes face ao adultério que todos os outros. A experiência (ou a falta dela) não deve ter nada a ver com isso!

segunda-feira, março 06, 2006

Um imposto do caralho!

PONTA SUL: E viva España!!!

Por falar em Ruralidade, 2
“Será que o conceito rural e urbano ainda fazem sentido?”, pergunta Carlos Arinto na caixa de comentários. Rural e Urbano são conceitos sociológicos, mas, como em praticamente tudo na Sociologia, a proximidade transforma os conceitos em barricadas de valor, onde por detrás de cada uma delas se arregimentam, doridos das suas dores e condoídos com o mal dos “seus”, os mais aguerridos exércitos da opinião e os mais violentos generais do life style. Caro Carlos, como o Fernando Rogério lhe respondeu, tudo o que assaca ao “Rural” pode encontrar na cidade. Mas, mais uma vez, e como referi no meu primeiro post sobre o tema, estamos a confundir as coisas. Estamos a confundir Cidade com Urbano e Campo – ou como lhe chama, “Província” – com Rural. No fundo estamos a confundir espaços físicos com tipologias sociais de vida. É que ao contrário da Cidade e do Campo, o Rural e o Urbano não são territórios, mas formas de vida social. Clarifiquemos, então, porque tenho estado a falar do tema sem, contudo, tornar claro o meu ponto. O que, no meu entender, caracteriza a Urbanidade é, por um lado, a mobilidade, e por outro a dimensão e a intensidade das conexões – notem que não falo em qualidade, mas em quantidade. A Ruralidade, por seu turno, é caracterizada pelo imobilismo e pela diminuta dimensão e baixa intensidade das conexões.
Parece pouco?

Numa coisa o Carlos parece ter razão: diz o Carlos que na Ruralidade “nem acreditar que se pode melhor” pode.

(Se a polémica e a discussão o justificarem, ainda cá voltaremos…)

quinta-feira, março 02, 2006

Por falar em Ruralidade, 1
[O Rui Ângelo Araújo iniciou um debate sobre a Ruralidade que vale a pena alimentar]

Quando se fala de Ruralidade e de Urbanidade estamos a falar de quê? O Rui fala de aldeias e, inevitavelmente, de cidades. Mas eu que moro em Cuba do Alentejo, não julgo que viva propriamente na Ruralidade, nem creio que muitos idosos, que viveram a vida toda em Lisboa, por exemplo em Alfama, tenham conhecido a Urbanidade. Mas então, se não é, como para o Urbanismo e para a Arquitectura, o espaço edificado, na sua extensão ou na sua qualidade, respectivamente; se não é, como para a Economia, a actividade agrícola dominante, o que é?

Vejamos mais alguns exemplos paradoxais. Em Lisboa há milhares de casas com as instalações eléctricas por fora das paredes, com casas de banho improvisadas na antiga varanda, agora marquise. Em Cuba, a biblioteca pública tem infra-estrutura wireless e os putos do ensino básico invadem-na diariamente com os seus portáteis para aceder à net. Em Lisboa – entenda-se Área Metropolitana de Lisboa – há pessoas que fazem diariamente 60 quilómetros (30+30) em 3 horas (1h30m + 1h30m) e esses são, pura e simplesmente, os únicos quilómetros que fazem. Eu demoro, a partir de Cuba, a mesma hora e meia para fazer 180km. Em Lisboa há gente que não tem endereço de correio electrónico e na Marginal, na Ponte 25 de Abril e na A5 há falhas de cobertura da rede móvel. Em Cuba não só tenho cobertura sem falhas, como despacho algumas dezenas de e-mails por dia. E estou certo que, apesar das limitações que os dois diabretes que lá tenho em casa me causam, continuo a ir mais vezes ao cinema, ao teatro e a exposições que muita gente com o meu perfil sócio-económico-cultural que vive em Lisboa.

O que será então?
(continua…)

Patologia nada Abrupta

Quando analisamos a capacidade política dos partidos portugueses, no seu duplo sentido de "produção" de discursos políticos e de eficácia eleitoral, verificamos que ela se mantém a nível do poder local, e é quase inexistente na dimensão das grandes cidades e a "nível nacional". Duas observações já à cabeça: uma é que o que se diz a seguir não se aplica ao PCP, que é um partido distinto dos outros, e ao BE, em que a componente de agit.prop se sobrepõe à organização, mas apenas ao PSD e PS; a outra é que estamos a falar de partidos na oposição, em que a vertente governativa não potencia a acção partidária. Esta última objecção não é de fundo, visto que o poder derivado do acesso à governação não revela maior capacidade dos partidos a "nível nacional", mas oculta apenas as suas fragilidades. Resumindo e concluindo, o PS e o PSD só existem hoje como partidos locais, a nível nacional a sua presença é ténue e cada vez se torna mais débil.

A ausência de qualquer referência ao CDS/PP até pode parecer desonestidade intelectual, já que ninguém acredita que seja esquecimento, mas não é: é mais uma evidente manisfestação de patologia crónica.