quarta-feira, setembro 10, 2003

Círculos Uninominais.
Entrando na discussão iniciada pelo Catalaxia, pelo Fumaças e pelo De Direita, teçamos algumas considerações acerca dos círculos uninominais.

Os círculos uninominais:
a) Promovem o bipartidarismo, que se bem que tenda a eliminar vozes à esquerda e à direita com representação política autónoma, força, teoricamente, um afastamento entre os dois principais partidos, levando-os a acolher, no seu seio, maior heterodoxia. São, contudo, conhecidas manobras estratégicas de dissimulação ideológica que não garantem linearidade a esta ideia (vide terceira via); [nota marginal: pergunto-me, caro Fumaças, o que é que pode levar a ND, do mero ponto de vista do valor da sua existência, a defender um sistema destes…]
b) Facilitam a constituição de governos maioritários e estáveis. Tal facto elimina a necessidade de coligações para garantir viabilidade governativa. É claramente a opção governação que se sobrepõe à opção representatividade;
c) Aproximam aparentemente o eleitor do eleito. Esta aproximação aparente é extraordinariamente discutível já que se em círculos rurais esta pode resultar em favorecimento de caciquismo, em círculos urbanos poderá ser substituída por mediatismo. Em qualquer dos casos a defesa dos interesses locais não é absolutamente garantida;
d) Estabelecem uma representação nacional de base local. A constituição de um hemiciclo nacional a partir de uma alegada defesa de interesses locais tende a deixar de fora da discussão questões de natureza macro. E questiono se em sociedades crescentemente urbanas é a questão geográfica a que dominantemente deve marcar o debate político nacional. Sem embargo da importância fulcral do municipalismo, que deverá ter as autarquias como veículo de expressão privilegiado.

[tema muito em aberto, para, eventualmente, ainda cá voltar…]