A SIC, a comunicação social portuguesa e a Liberdade. A SIC apresentou queixa, à Alta Autoridade para a Comunicação Social e ao Conselho Superior de Magistratura, de um magistrado que não quis prestar declarações nem, em defesa do seu direito à imagem, ser filmado pelas câmaras. Aparentemente indignada, a SIC, avançou com as queixas… Irada pela afronta repete, e repete, e repete, e repete, e repete, as imagens nos seus noticiários. Eu cá, diga-se à guisa de esclarecimento, desconfio um bocado de malta que usa togas ou batinas alimentando rituais discutíveis e gozando de uma intacabilidade não poucas vezes preocupante… desde os mais imberbes estudantes universitários, passando pelos doutos professores e acabando nos juízes… mas tenho que confessar que gostei de ver o desassombro – um bocado rude, diga-se… - com que o juiz da relação de Lisboa procurou fazer saber a uma certa comunicação social que esta não tem o direito de forçar declarações e de sacar as imagens que lhe aprouver se isso violar a liberdade individual dos outros. É que nessas repetições constantes, em que o juiz desalinha a abrupta, ouve-se a Sofia Pinto Coelho, esganiçada, a perguntar em tom de varina do mercado da Ribeira, “não comenta??!!! Porquêêêêêêêê???!!!” e o operador de câmara, enquanto filma, a afirmar que não está a filmar nada. Eu cá estou farto de assistir à intrusão em dor alheia. Farto de assistir a gente, que sente e expressa a dor da perda de alguém querido, filmada em grande plano para alimentar as audiências de facínoras ávidos pela desgraça dos outros, enquanto pretendem, sem vergonha, convencer que desempenham o papel de “bons samaritanos”. Eu cá estou-me a borrifar para o destino que esta historieta de baixa prestação cénica e cabotina representação venha a ter, mas era importante, de uma vez por todas, colocar no seu devido lugar esta comunicação social mesquinha, intriguista e abusadora. Porque uma coisa é investigar, noticiar e exercer, sempre, e até às últimas consequências, a liberdade de expressão, outra bem diferente é, em favor de um poder que, paulatinamente vai mostrando uma ambição desmedida e sem controlo, querer violar os espaços privados e as vontades individuais dos visados.
EpiCurtas
«O prazer é o principio e o fim de uma vida feliz.» Epicurus
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