sexta-feira, abril 21, 2006

A lei imaterial (marxista e desordeira) da atracção

As ideias puxam-se, sem reconhecimento de propriedade e sem respeito hierárquico pela cabeça donde saem, umas pelas outras, por estranhos meios, sem serem formalmente apresentadas...

[Democratas liberais e conservadores de todo o mundo, uni-vos!]
Tariq Ali

O meu amigo Ad Al Berto Mustafa - acreditem os poucos leitores que aqui passam - é boa gente, bem formado e informado, mas, infelizmente, e estas desgraças tocam a todas as famílias, é irremediavelmente de esquerda num Mundo onde a esquerda é anti-nova e ultra-nova. É anti-nova porque desenvolveu uma curiosa adulteração do prefixo neo que aplica atrás de tudo o que pretende denegrir (da mesma forma que a velha esquerda chamava de fascista tudo o que o não fosse socialista): veja-se a forma como falam de conservadores e liberais chamando-lhes neoconservadores e neoliberais, mesmo que estes continuem, como bons conservadores, estoicamente velhos! Isto, ao mesmo tempo que se reunem à volta das new left e das nouvelle gauche.
Ora o Ad Al Berto resolveu mobilizar, como exemplo de um "árabe gigante", o paquistanês Tariq Ali. Eu hesitei. Confesso que nem soube por onde começar para responder a convocatória de tão inefável criatura, mas depois lembrei-me deste artigo do João Pereira Coutinho, e considero a resposta dada.
[em simultâneo no EpiCurtas V Anarquista]

quinta-feira, abril 20, 2006


Os Centros de Formação de gestão directa do IEFP empreenderam, recentemente, uma desenfreada oferta de formação para desempregados. De entre a oferta, os cursos EFA (Educação e Formação de Adultos) que conferem habilitações escolares aos formandos (B2 e B3 é a designação, respectivamente, para o 6º e o 9º ano), ocupam a maior fatia. Segundo julgo saber, frequentador de formação do IEFP a receber bolsa de formação é desempregado com a condição oficialmente suspensa. Ora, a ser assim basta multiplicar os cursos de formação que iniciaram o mês passado por todo o país por 13 ou 14 (número médio de formandos por turma), utilizar este valor para denominador de uma fracção que tem como numerador o número de desempregados inscritos e oficialmente considerados, multiplicar por 100, e devemos chegar perto do valor da redução do desemprego anunciada.


O mal
[em simultâneo com o Epicurtas v Anarquista]
Um Estado que: (i) desenvolve um programa nuclear contra todas as recomendações da comunidade internacional, (ii) defende a aniquilação do estado de Israel, (iii) alimenta relações próximas com organizações como o Hammas e o Yezbollah e (iv) demonstra um absoluto desprezo pelos outros, pelas suas convicções e pelo seu modo de vida e, em consequência disso, defende o seu extermínio é, aos olhos da minha civilização, uma profunda ameaça não só regional, mas planetária, que tem, mais uma vez aos nossos olhos, de ser parado.

É claro que podemos sempre ver as coisas de outra forma.

Podemos pegar no adufe e entoar lindas cantigas sobre a grandeza do Império Persa. Podemos ir a Porto Alegre lastimar a vida miserável da larga maioria dos iranianos e assacar a responsabilidade desse facto aos Estados Unidos. Podemos, na aula magna da reitoria da Universidade de Lisboa, fazer um comício dos tempos modernos e criticar a “sinistra” real politik norte americana; amplificando ad nauseum o que nos interessa e escamoteando tudo o resto. Podemos ligar a Avenida da Liberdade à Embaixada dos Estados Unidos com um gigantesco cordão humano de gente solidária, vestida de branco, em silêncio, num apelo à “Paz” ou, então, gritar freneticamente os maiores impropérios que nos ocorram à porta da mesma embaixada queimando bandeiras norte americanas e fotografias do George Bush.

Sobre as atrocidades da guerra, o esforço necessário para a evitar e a ignominia da mesma é evidente que estamos de acordo, mas a ser inevitável, prefiro que ela decorra no território do inimigo, do que acordar um dia pela manhã (ou, eventualmente, pura e simplesmente não acordar) com a notícia internacional mais indesejável de todas!

terça-feira, abril 18, 2006

O EpiCurtas que não tem passado por cá, tem estado no ringue EpiCurtas Vs Anarquista.
Num combate sem tréguas com a esquerda!!!

quarta-feira, abril 12, 2006

A Europa Europeia
(resposta a Rui Pena Pires e ao seu post A Europa branca)

[em simultâneo com o EpiCurtas v Anarquista]

Nada contra a Europa “crioula” e, definitivamente, em completo desacordo com essa história da Europa “branca”. Mas pensar que a Cultura não é coisa que também se transmite “guardada no baú do enxoval” e de “geração em geração”, crendo, unicamente, que esta se resume a “um conhecimento que se aprende” (o que quer que isto queira dizer!) é das afirmações mais falaciosas e, sobretudo, ideologicamente marcadas que, sobre este tema, se pode fazer. Tão ideológica como a da “Europa branca”.

Mas o texto do Rui Pena Pires tem, para lá desta pequena artimanha ideológica, mais três pontos de interesse, dois que são ditos e um que não é dito, mas devia ser: (i) um equívoco (dito), (ii) uma estranha afirmação (dita) e (iii) um conveniente esquecimento (não dito, portanto).

(i) o equívoco – que é, em boa verdade, mais um paradoxo – prende-se com a construção da Identidade nacional. As Identidades, sejam lá elas quais forem, assentam em três pilares essenciais, que de um modo grosseiro, podem ser definidos assim: quem somos e o que é que nos caracteriza mais fundamentalmente?; o que é que dá consistência ao nosso percurso enquanto grupo, donde vimos e para onde vamos?; e de quem é que nos distinguimos? Ora, este último aspecto é inexorável e, quer o Rui Pena Pires queira quer não, a construção identitária das nações responde com “os estrangeiros” a esta última questão. Bem sei a fragilidade que o cosmopolitismo de alguns grupos sociais conferiram a esta coisa das fronteiras, mas também sei, e o Rui Pena Pires também sabe, mas parece esquecer, que há os outros, aqueles que são mais sensíveis a esta coisa dos “outros” de outras raças e/ou de outras nações. E eu não creio que a coisa lá vá por via da Educação das massas por parte do paternal Estado-Providência. No fundo o problema é bem mais complexo que o aparente diagnóstico e a receita é, indubitavelmente, mais complexa que a mera prescrição de “Europas Brancas” ou de “Europas crioulas”

(ii) a estranha afirmação tem a ver com a defesa da rápida nacionalização e europeização dos estrangeiros! Em primeiro lugar porque alguns dos “estrangeiros” são, também eles, europeus, e este aparente esquecimento é sintomático, mas muito mais estranho que isso é a propensão para o “tratamento” cultural que Rui Pena Pires parece propor para esses Bijagós das Africas selvagens! É que a minha ideia de Europa, e eu é que sou de Direita, é muito mais aberta à diferença. Não me passaria pela cabeça quer europeizar um africano ou um asiático. E isto lança-nos para o último ponto…

(iii) o conveniente esquecimento. É porque se não me passa pela cabeça europeizar um africano ou um asiático, também não admito que, ecoando de onde quer que seja, me venham forçar a abdicar de alguns dos pilares mais essenciais da minha civilização, como a liberdade de expressão (para dar o exemplo mais recente). E sobre isto, o Rui Pena Pires tão preocupado com a Europa e a sua identidade, não diz uma palavra. Não diz uma palavra sobre todos os europeus que pedem desculpa ao mundo por serem herdeiros de uma civilização que, até prova em contrário, se mostra, apesar de todos os defeitos, muito mais tolerante, solidária e livre que a maior parte das outras.

sexta-feira, abril 07, 2006

O despudor não tem limites!
Via A Fonte tomei conhecimento desta notícia:
Assim, o vice-presidente da ANIF defende que em vez das maquinas digitais, o Governo deve pedir ao cidadãos que recorram as lojas de fotografia e façam fotos tipo passe em formato digital para depois entregar nos registos e nas Lojas do Cidadão quando fazem o cartão único.
A quantidade de corporativistas que pululam ainda hoje na sociedade portuguesa deve fazer o AOS, lá no Vimieiro, sorrir na cova!


quinta-feira, abril 06, 2006

Graças ao pequeno Afonso, que anda, por estes dias, megulhado na obra genial do Jim Henson (The Muppet Show, o verdadeiro!), relembrei esta música do Elton John:
Goodbye Yellow Brick Road
[Musica de Elton John, Letra de Bernie Taupin, Album: Goodbye Yellow Brick Road]
When are you gonna come down
When are you going to land
I should have stayed on the farm
I should have listened to my old man
You know you can't hold me forever
I didn't sign up with you
I'm not a present for your friends to open
This boy's too young to be singing the blues
So goodbye yellow brick road
Where the dogs of society howl
You can't plant me in your penthouse
'm going back to my plough
Back to the howling old owl in the woods
Hunting the horny back toad
Oh I've finally decided my future lies
Beyond the yellow brick road
What do you think you'll do then
I bet that'll shoot down your plane
It'll take you a couple of vodka and tonics
To set you on your feet again
Maybe you'll get a replacement
There's plenty like me to be found
Mongrels who ain't got a penny
Sniffing for tidbits like you on the ground

segunda-feira, abril 03, 2006

PONTA SUL: Os números da sorte para esta semana
723
11
67
1