Táxis – alimentando a discussão iniciada pelo Francisco [as generalizações valem o que valem e pecam pelo que pecam…] A profissão de taxista é profundamente paradoxal. Por um lado são profundamente reaccionários, machistas, nacionalistas e chauvinistas – “antigamente é que era bom”, “o que fazia falta era um novo Salazar”, “estas bifas são todas umas galdérias, vêm à procura de pau português”, “nós cá é que sabemos como as satisfazer”, “os estranjas são todos uns rabetas” –, por outro lado têm uma prática profissional que deve ser ditada nalgum comité internacional; qualquer coisa como um TAXINTERN. Desde discussões a roçar a agressão entre taxistas em Paris, no Charles de Gaulle, para ganharem a corrida, a taxistas a recusarem-me o serviço, em Londres, às 5 da manhã, por Bloomsbury ser, alegadamente, muito perto da Liverpool Street, a única excepção encontrada foi o peculiar sistema de táxis em Salónica – os táxis são uma espécie de microbus para onde as pessoas vão entrando até caberem e na medida em que sigam na mesma direcção dos que já lá estão dentro… – onde o atendimento foi excelente, os trajectos escolhidos os mais curtos e os valores a pagar perfeitamente uniformes… Mas, convenhamos… a Grécia – ainda por cima em Salónica, logo ali ao pé da Albânia – não deve figurar ainda no TAXINTERN.
EpiCurtas
«O prazer é o principio e o fim de uma vida feliz.» Epicurus
quinta-feira, agosto 12, 2004
sexta-feira, agosto 06, 2004
6 de Agosto de 2004
1º aniversário do Estádio José Alvalade
Alvalade XXI
Há aproxidamente um ano escrevi aqui, no EpiCurtas, um texto sobre o que senti aquando da inauguração do novo estádio do Sporting. Hoje, para celebar essa data, aqui fica a reprodução:
Sporting. Uma amiga pede-me, por mail, para reconsiderar e dizer, afinal, algumas palavras sobre o assunto do post Sem Palavras. Pede-me, em suma, que descreva o que vi e o que senti, agora a frio, na noite de 6 de Agosto, aquando da inauguração do Alvalade XXI.
Não consigo, cara amiga. Há coisas que, efectivamente, não consigo. Logo nos primeiros tempos do EpiCurtas anunciei aqui a minha irracionalidade face à questão. Sei bem como os Júlios Dantas deste país, ante esta minha devoção religiosa ao Sporting, respondem! «Louco?! Não só louco, como louco de encarcerar!», dirão. A relação que tenho com o Sporting é a manifestação de um sentimento primário, básico. É a manifestação de tribalismo. De defesa indefectível de um grupo. É, quase sempre, uma manifestação cega. Quem sabe senão perigosa… Mas é uma devoção incondicional. Uma incondicional identificação com a máxima do clube, uma máxima que diz «Esforço, Dedicação, Devoção e Glória». Por esta ordem. Com a certeza que é possível haver Vitórias sem Glória. Mas que o Sporting luta para alcançar esta e não aquelas. A Glória que só decorre de um forte sentimento de Devoção, que só é possível com uma imensa Dedicação, e onde só se chega por via do Esforço; como todas as coisas verdadeiramente grandes, verdadeiramente importantes!
E quando assim é, por mais elevados que possamos ser, por mais racionais, por mais eruditos, por mais distintos que noutras ocasiões e espaços consigamos ser, quando assim é… quando assim é somos absolutamente indiferenciados, perdemos a distinção para sermos um entre pares. Pares que vibram, que exultam, que sorriem e se impressionam, pares que sofrem, que choram e que desalentam. Mas pares que, no Sporting, não desistem. Não desistem nunca! Mesmo que acossados! Mesmo que sozinhos. Sozinhos no meio do relvado. Mesmo que derrotados. Mesmo assim, com Glória!
E é também por isto, pela demanda deste sentimento irracional, demente e de entrega incondicional, que, apesar de violência latente – que também é parte da humanidade -, é junto das claques que vejo os jogos. Na Curva. Porque enquanto que a Central é fria, polida, racional e educada, a Curva é quente, irreflectida, irracional e desassombrada. E é assim que eu sinto o Sporting.
Como é que, neste quadro, queres que te diga o que vi e o que senti, nesta noite recente, e para sempre inolvidável, de 6 de Agosto? Numa noite em que o meu clube, uma vez mais, foi pioneiro no desporto em Portugal. Numa noite em que foram evocados os fundadores. Numa noite em que se homenagearam os atletas. Numa noite em que o Jesus Correia – esse atleta superior - deu o pontapé de saída. Numa noite em que a equipa se entregou ao jogo e nos brindou, mais que com futebol, com um recital de violino. O que é que queres que te diga sobre um palco de sonho? Como é que queres que te expresse um sentimento? Quando o sorriso que me tomou o lábios e o coração, no momento em que assomei ao estádio, persistiu até ao fim. Quando as lágrimas ameaçaram os olhos e o peito deu um nó.
Já sei… «Louco?! Não só louco, como louco de encarcerar!» Mas a isto a única coisa que me ocorre dizer, lembrando um nome que trazia escrito na T-Shirt escolhida propositadamente para a ocasião, é «Morra o Dantas, morra, Pim!»