sexta-feira, janeiro 20, 2006

A nuvem por Juno de Constança Cunha e Sá. Constança diz que “é próprio dos tempos dizer mal de Soares”. Depois faz um elogio ao homem político e à sua coragem ao mesmo tempo que zurze contra a “direita” por esta, supostamente, se deliciar com a “arrogância” dele. Pessoalmente creio que a Constança está enganada e acaba sendo injusta. Eu, que nunca gostei de Soares e que nunca votaria nele, concordo que, na sua posição, o facto de ter avançado para uma corrida presidencial revela uma coragem considerável e muitíssimo estimável em tempos de tanta cobardia e de tanta gente assustada a conservar pequenos e falsos pedestais. Agora, o facto de ter sido corajoso não faz com que tenha tido razão, nem que tenha sido elevado no combate. No fundo, o que acabou por, inexoravelmente, demonstrar foi que para alguns políticos do “seu tempo” e, infelizmente do nosso, praticamente todos os meios justificam os fins. Mas Soares terá, não lhe tenha a cegueira do ego tocado de forma irremediável, aprendido uma lição “fora do tempo”: é que a “arrogância” - e chamemos-lhe apenas "arrogância", para não descermos muito baixo - que lançou sobre Cavaco Silva acabou por disser mais de si que propriamente dele.