segunda-feira, janeiro 31, 2005

Legislativas 2005 [O Bloco de Esquerda] Tenho alguma relutância em comentar o Bloco de Esquerda, por questões de amizade e por, como define Vasco Pulido Valente, questões de higiene. Nada me aproxima do Bloco do ponto de vista ideológico, mas tenho alguns amigos que são seus eleitores, que é gente séria, inteligente, moderada e bem formada e que, em questões de decência, como no episódio de imenso desrespeito pela diferença protagonizado por Louçã contra Paulo Portas, prontamente se demarca e reconhece o indecoroso. Estas [pessoas] são as questões de amizade. Mas há outro tipo de eleitor do Bloco de Esquerda que, palpita-me, seja bem mais numeroso. É o jovem urbano, com a mania que é intelectual, que frequenta diletantemente a universidade – ou tem saudades do tempo em que o fazia, e isto faz dele o eterno universitário --, que fuma uns charros, lê Baudelaire e outras coisas que não compreende, que acredita no amor livre, que fala de sentimentos, e que disfarça, com linguagem agressiva lida numa cartilha de ódio, a falta de argumentação e a capacidade de discutir, civilizadamente, com o "outro" – que tanto gosta de enunciar com paixão, porquanto este seja um "outro cá dos nossos" [dos deles]… É gente que reduz todo o teor do debate político, com quem pensa de maneira diferente, à "indignação", ao "choque" e à "vergonha". É gente para quem os seus opositores são normalmente "ladrões", "nazis" e "hipócritas". Estas [pessoas] são as questões de higiene.