quarta-feira, julho 09, 2003

Administração Pública no Socio[b]logue [aditamentos para o estudo]. Face à possibilidade de introdução do contrato individual de trabalho (contrato de trabalho sem termo) – situação normal para a maior parte dos portugueses não funcionários públicos - na administração pública, alguns stakeholders - com particular destaque para os sindicatos, agentes destacados da autopoiética referida por JN – manifestaram-se fortemente contra esta alteração do enquadramento jurídico. Num estudo que fiz, sobre um anunciado processo de reforma de um organismo da AP, deparei-me com um fortíssimo bloqueio à mudança. Pareceu-me estar perante um sistema psicodinâmico (Stacey:1998) que a impede. Uma fantasia – do emprego para a vida, que jamais deverá ser questionado – que mantém as pessoas fechadas à mudança. “Esse sistema assum[e] a forma de uma fantasia inconsciente partilhada e erigida como defesa contra as ansiedades particulares (...)” (ibidem). Na verdade, e com variações ténues, resultantes do lugar hierárquico ocupado, a questão do emprego para a vida está sempre presente. Em alguns casos o medo da sua perda, noutros a sua afirmação como suporte de indiferença a cenários futuros menos risonhos – argumentações estas que visam a auto e a hetero justificação.

STACEY, Ralph (1998). O papel das fantasias de grupo no bloqueio da mudança organizacional. Comportamento Organizacional e Gestão, 4(1), 203-224.
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Nota: Reparo que o JN coloca o EpiCurtas n’Os Comentaristas… O que significará esta classificação?