sexta-feira, agosto 22, 2003

Desabafo.
Voltámos a casa depois de um imenso dia de trabalho na mina; só me apetecia descalçar estas botas e abandonar-me à preguiça no sofá da sala. O Contente – que por certo sofre de hiperactividade! – lá vinha empenhado na cantoria… Eu vou, eu vou, para casa agora eu vou, pararatchibum, pararatchibum… Não se calava. Pudera. O dia inteiro fora da mina a arrumar o minério debaixo de um sol primaveril, radioso, com cheiro de flores. Estivesse ele lá dentro, como eu, com a picareta na mão o dia todo e com o aquele outro palerma sempre a espirrar, sempre a espirrar. Compreenderiam, se estivessem no meu lugar. Foi mais forte que eu. O gajo à minha frente, sempre a cantar. Foi muito subtil. Um ligeiro toque no pé e lá se foi o Contente. Deu um trambolhão digno de televisionamento. Foi num ápice que se lhe foi a vontade de cantar…

Chegámos finalmente a casa e eis que o pior estava ainda para vir. Um flausina com ar de sonsa estava lá em casa toda chorosa. Nem vale a pena dizer… o Simpático correu logo para a consolar (desde que a Lili lhe deu a tampa, não pode ver uma burra de sais…). Sentaram-se os dois no sofá da sala. Claro! E eu que me lixe! Com irmãos como estes fico confuso sempre que ouço falar em Fraternidade! Ainda tive que ir à horta buscar tomates para fazer uma salada… diz que é vegetariana… a princesa!!! (só se ficou vegetariana depois de ficar com o rabo daquele tamanho!)

A noite toda naquilo!

No dia seguinte esperei a D. Elvira, que vende fruta ao domicílio, cem metros abaixo da nossa casa. Que simpática é! Caiu, prontamente, na armadilha… Enquanto a recompunha da inusitada queda, alertando-a para o perigo de alguém com aquela idade andar por ali sozinha, verti o 605 forte que tinha, no dia anterior, trazido da arrecadação da horta.

Pobre D. Elvira! Acusam-na, agora, de ser uma bruxa má…
Zangado