O paradoxo dos Artistas que queriam ser funcionários públicos
Ontem, no Pessoal e Transmissível, na TSF, ouvi, muito fugazmente, uma tirada da entrevistada (de quem agora não me lembra o nome), escritora, que, a dado passo, dizia qualquer coisa como: “para a ciência há imensas bolsas, não me venham dizer que não, agora para a arte é que não!”. Nesta frase subjazia uma intenção. Intenção essa que, de resto, Prado Coelho ecoa ad nauseum. A intenção de que a criação artística seja financiada. Afinal, como é que nós queremos que o país se desenvolva, não é?! Como é que nós, medíocres consumistas, calcorreadores de centros comerciais, telespectadores de telelixo, fanáticos da bola, tugas de baixa estirpe, nos podemos abeirar do charme dos das Avenidas Novas, daqueles que tomam café na esplanada da Mexicana, dos que frequentam a feira do livro da Gulbenkian? Basicamente, o que certos artistas – e gente que vive às custas dessa defesa – advogam é que a arte seja publicamente financiada; como uma obrigação do Estado e, consequentemente, dos contribuintes. No fundo o que os “artistas” pretendem é ser funcionários públicos. Mas sem o ónus da categoria. Funcionários públicos sem horário, sem cartão de ponto, sem hierarquia, sem avaliação de desempenho, sem contas a prestarem, sem objectivos definidos; porque a cultura é emergente, vem do fundo, não é controlável, vem de dentro, “vocês não percebem, são uns incultos”.
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