quarta-feira, abril 20, 2005

A propósito de Bento XVI, três espantos e um agrado
Eu tive uma educação católica. Fui baptizado. Fiz a primeira comunhão. Durante algum tempo fui à missa semanalmente. Comungava. Frequentei a igreja amiudadamente. Fiz um curso de preparação para o matrimónio com os Jesuítas. Casei, convictamente, pela Igreja. Cheguei a assistir a uma reflexão da Opus Dei de livre vontade. Mas, entretanto, por razões que não vêm ao caso, afastei-me. Deixei de praticar. E, como tal, deixei de ser Católico. Porque não há Católicos não-praticantes. E como tal coibi-me de fazer comentários sobre a morte de João Paulo II. Coibi-me de fazer “prognósticos” sobre o novo papa. E coibir-me-ei de fazer comentários sobre a eleição de Bento XVI. Mas há três espantos que não consigo evitar. O primeiro espanto – e porque não náusea – é o que me causa ver ateus convictos comentarem afectadamente os destinos da Igreja; e a faze-lo com a habitual atitude de superioridade moral. O segundo espanto é o de verificar que a vox populi sem ter lido uma frase do Cardeal Ratzinger, sem lhe ter ouvido uma palavra, provavelmente sem, antes de ontem, lhe ter visto a cara, achar que isto é uma desgraça porque o homem é “conservador”!!! Mostra o poder do fraccionamento do real e da superficialidade da vida contemporânea. O terceiro espanto tem a ver com a vontade de alguns católicos em democratizar e liberalizar a igreja e, consequentemente, facilitar o acesso à santidade… assim como quem faz um contrato de ALD. O que mostra que, se calhar, Ratzinger tem razão no combate que julga imperativo travar contra o Relativismo… O agrado foi o de ter ouvido as fantásticas palavras de humildade proferidas na varanda (mais ou menos estas): “Os Senhores Cardeais escolheram este humilde e simples trabalhador da vinha do senhor. Contento-me em saber que o Senhor se serve de instrumentos imperfeitos.”

1 Comments:

At 11:42 da manhã, Anonymous Anónimo said...

O problema é que há pessoas com memória e que se lembram de como, no passado, ele serviu do sulfatador ... lá nessa tal de vinha!

 

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