quinta-feira, julho 31, 2003

Vêm, Pacheco? Alerta-me um amigo para um pormenor curioso. JPP diz: “Aqueles que vêm o RMG (…)” Vêm?! Estará, finalmente, descoberto, o autor d’O Meu Pipi?!

Estoril-Praia 1 - Sporting 1. [humor negro com a cortesia de CG, do CONTESTA que me faz chegar por mail esta pérola] "Allors, nous avons jouè trés bien, mais Estoril a une bonne equipe, avec des bons jouers, donc c'est normal pour Sporting ce resultat, non? Je ne comprends pas pourquoi je dois partir..."

Anarca e xôr Coelho. O meu problema é a terrível dor de costas que tanto me aflige de cada vez que tendo baixar-me para lamber as botas a alguém... E disso é que o xôr Coelho, e todos os xôres Coelhos deste país, não gostam. É por termos um país repleto de pequenitos feudos, de inomináveis subserviências e de cobardias crónicas que continuamos a levar desaforos para casa.

Esta gente leva-se mesmo a sério…
EPC diz:
Mas é um facto que surgiu um novo dispositivo, uma nova maneira de participar na cena pública, um novo tom, uma outra energia. Para quem acredita que o lugar onde se escreve condiciona o que se pensa e escreve isto pode ser um verdadeiro acontecimento.
Tanto paternalismo…

Mas diz mais:
Toda a questão está no autor do blogue "sentir-se autorizado a". Outrora era complexa a malha das legitimações que nos permitiam ter acesso ao concorrido espaço mediático. Tínhamos de começar por tarefas modestas, agora uma recensão a um livrinho sem importância, agora um acontecimento musical, agora a reportagem de uma viagem às Maldivas. Pouco a pouco ia-se pondo à prova a capacidade de escrita, mas sobretudo mostrava-se que a nossa escrita podia ter leitores.
Tanta nostalgia… Antigamente é que era bom!!!

Oh, excelentíssimo-senhor-doutor-escritor-em-jornais-por-mérito-próprio-que-começou-como-paquete-e-agora-é-a-ilustre-fugura-que-todos-conhecemos, prostro-me perante si rogando-lhe perdão pela ousadia de ter um blog e, mais grave, tomar a liberdade de me pronunciar sobre tão distinta figura.

Reitero: Eu gosto do Juiz Rui Teixeira! E aproveito para dizer que, desta feita, sempre gostaria de ouvir o Procurador Geral da República. É porque afinal parece que ele não é bem o que o Costa e o Ferro estavam à espera que ele fosse. E a sugestão do Júdice de engavetar esta gentalha toda também não me parece nada mal... A começar pelo sr. João Pedroso.

O Ivan Nunes é ingénuo! O Ivan Nunes é, indiscutivelmente, um intelectual de esquerda! O Ivan Nunes, se não é ingénuo, é mal intencionado.

(…) é que me toca, me impressiona, me constrange, que possa, como diz Pacheco, haver pessoas "tão ou mais pobres [que] procuram ter um emprego e se vêm com muito mais dificuldades e com uma vida mais pesada, por terem optado pela via de não viverem do RMG." [29.7.03] A ser verdade, trata-se, a meu ver, de um efeito certamente inesperado suficiente para pôr em causa toda a bondade da medida. in A Praia

quarta-feira, julho 30, 2003

CONTROLO, CONTROLO, EU QUERO CONTROLAR!!! Na senda de um maior controlo e para, definitivamente, embarcar na paranóia reinante aqui por estas bandas onde, fisicamente, me encontro resolvi tornar-me extraordinariamente ansioso e neurótico. A partir de agora controlarei os visitantes do EpiCurtas, saberei donde vêm, para onde vão, a que horas, definirei padrões de comportamento, perfis de consumo, anteciparei tendências, farei prospectiva, planearei... uuuuhhhhhhhhh (arrepio de frio e frémito de emoção)... Um admirável mundo novo todo ao alcance da minha vontade. Já tenho um novo contador de visitas!!!!!!!!!

Biblioteca de Beja. Ao Sul faz-me chegar novas de um dos melhores espaços de difusão cultural do país: a Biblioteca de Beja. Acrescento à sua nota a informação de que, há dias, recebi no meu telemóvel uma SMS precisamente dessa Biblioteca. Dizia: "Vá de férias e leve um amigo consigo: um livro. Biblioteca Municipal de Beja". Se não entendem bem este espanto e admiração pelo excelente trabalho que este espaço, ao longo dos anos, tem vindo a desenvolver... Vão lá!!! Vão a Beja, peguem num livro, tomem um copo, vejam um filme, ouçam um conto, discutam uma ideia. Levem os filhos e deixem-nos no espaço de animação infantil. Mas vão!!! A sério!!!!

terça-feira, julho 29, 2003

ENCERRADO PARA REFLEXÃO. O EpiCurtas fez o teste!!! Os resultados são extraordinariamente perturbadores. O EpiCurtas foi posicionado precisamente ao centro do eixo esquerda-direita (para assuntos económicos) e claramente liberal (quase no polo anarquista!!!!!!) no eixo autoritarismo-liberalismo (para assuntos sociais). Os resultados são de tal forma preocupantes que temos que encerrar, provisoriamente, o tasco a fim de reecontrar a luz... Estou até a pensar em aceitar o convite para ir fazer um retiro ali para uma quinta no Lumiar (qualquer coisa em latim tipo Obra de Deus...)
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Post scriptum - Depois dos elogios do Anarca Constipado dar de caras com este resultado é de nos fazer pensar duas vezes... Irra!!!

GET A LIFE!!! Com a minha e com o meu tempo, eu faço o que me aprouver!!!!

Porra, vão dar uma curva! Mas porque é que citar e ser citado é neurótico ou estratégico? Porque é que somos umbiguistas porque escrevemos? Porque é que são normais porque não escrevem? Porque é que somos paranóicos por controlarmos a visitas no sitemeter? Porque é que somos, necessariamente, frustrados só porque não escrevemos nos jornais, ou não publicamos livros? Se assim é, porque é que se pronunciam sobre nós, porque é que alguns até têm blogs? Porque é que nos lêem? Vão dar uma curva, carago!!!!

Game Box. Já cá canta o meu cartão novo com acesso a todos os jogos da próxima epoca no Alvalade XXI. Eu, para já, estou deslumbrado e cheio de alegria!

segunda-feira, julho 28, 2003

Beja. Gosto desta cidade. Vivi lá perto cinco anos, trabalhei lá dois e já lá não estou há um... Depois da descoberta do Ao Sul, descubro agora o Praça da República. Um grande bem haja aos novos bloggers, que acrescentarei, já de seguida, à minha coluna de links. Espero ler notícias da vida nessa cidade onde ainda tenho alguns amigos. E, cara Ao Sul, olha que o Anarca e eu estamos de carro preparado para a tal almoçarada...

Responsabilidade Social.
O negocios.pt noticia:

Erro no Estádio do Sporting tapa 600 lugares
Sporting Clube de Portugal ofereceu à ACAPO - Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal cerca de 600 lugares no novo estádio de Alvalade, resolvendo um problema embaraçoso em termos de falha de projecto, noticiou o Jornal de Negócios, mostrando fotos onde são visíveis lugares atrás de dois placards.


Qual erro qual carapuça!!!! A isto chama-se Responsabilidade Social das Empresas.

Gosto do Rui Teixeira! Já muito se tem dito e escrito acerca da figura e do processo que o tornou figura. Gosto do Rui Teixeira porque tem sido absolutamente imune a um sem número de inomináveis pressões, mais ou menos veladas, com o intuito de abrandar a força com que tem apertado os tomates de algumas figuras públicas. Gosto do Rui Teixeira porque, finalmente, provou ao país, da forma mais inequívoca e determinada, que durante um tempo demasiado longo houve uma justiça para os pobres e uma justiça para os ricos; os primeiros apodreceram, sem voz, anos e anos em preventivas inomináveis, os segundos estiveram sempre, calmamente navegando, na linha das consecutivas protelações até à prescrição final. Gosto do Rui Teixeira porque está do lado dos mais fracos; dos indiscutivelmente mais fracos, dos que foram abusados, dos que foram traídos, dos que agora passam por mentirosos, dos que agora passam por vendidos e pecadores, daqueles que alguns, agora, querem vestir com pele de lobo. Gosto do Rui Teixeira porque se está a cagar para o José Manuel Fernandes e para todos aqueles que acham que vale mais parecer que ser, para todos aqueles que procuram divergir o olhar do essencial para o acessório. Gosto do Rui Teixeira porque é juiz e porque é essa actividade que o ocupa, mais do que toda a mediatização e as aparências construídas decorrentes daquela.

domingo, julho 27, 2003

Receita para o Anarca Constipado. Sem querer tomar o lugar dessa figura paternalista que vem à blogosfera, certamente nas horas de greve ao serviço de urgências de um qualquer hospital, explicar medicina aos intelectuais, vou passar uma receita ao Anarca. Então o meu amigo interroga-se sobre o número de liberais que dependem do Estado?!!! Que tal uma leiturazita do sr. Argyris e do Sr. Schon sobre as dissonâncias entre a espoused theory e a theory-in-use?

O Enigma de Zulmira. Li este fim-de-semana o livro do Vasco Graça Moura; lembrei-me de uma conversa que lhe ouvi, com Carlos Vaz Marques. Desiludido pela expectativa que criei, deixo aqui uma breve critica ao que li.


Ouvi-lhe dizer um dia – ao autor
claro está – que a forma era
sem dúvida, o que mais lhe ocupava
na análise do escritor.
Surpresa grande senti, quando
sempre imaginei, que o que marcava
a obra de génio era mesmo o seu teor.
A história da Zulmira felina,
figura de grande enigma,
a prova trouxe até nós.
Perde-se uma história sibilina,
para ganhar-se emaranhado de nós
temporais e imaginativos, mas tão insuficiente…
Talvez para fugir ao estigma
o Vasco desenhou a forma,
mas uma forma pouco valente.

Perdeu-se o teor que lhe antevi,
Do ré mi fá sol lá si.

sábado, julho 26, 2003

Dicionário do Diabo Epicurista, #3. Secador. Raridade preciosa. Fonte de inspiração para objectos de elevada procura no mercado e quase igual número de retornos por defeito; assumem as configurações e as naturezas mais diversas. São conhecidos poucos verdadeiros seca dores… A amizade sincera, gratuita e desinteressada ou o amor intenso e verdadeiro já foram indicados como tal, mas nem sempre se mostram eficazes.

sexta-feira, julho 25, 2003

Dicionário do Diabo Epicurista, #2. Palhaço, Palha-de-aço da sociedade, pessoa dedicada a limpar os espíritos das pessoas.

Dicionário do Diabo Epicurista, #1. Pornográfico, Actividade estatística a que se dedicam economistas, sociólogos e outros “cientistas” sociais e que visa a representação gráfica de dados; Por no gráfico.

Dicionário do Diabo Epicurista, #0. Já aqui disse que o Pedro Mexia se apropriou de um título para o seu blog que bem podia ter sido escolhido por mim. Já aqui disse que o PM, independentemente da qualidade inequívoca do seu blog, não faz jus, nem por via de citações, nem por via de referências análogas, a essa figura fundadora do cinismo moderno: Ambroise Bierce. Neste sentido inicio agora uma secção designada Dicionário do Diabo Epicurista. Nesta secção apresentarei definições de minha autoria, procurando cumprir o espírito de Bierce.

A Resistência Islâmica, respondendo ao EpiCurtas, contribui para um debate esclarecido sobre o Islão; na 1ª pessoa.

[um pouco de ciência social, para fazer concorrência ao Socio[b]logue] Heterossexualidade e Comunidades de Prática. Li o texto do PM n’O Independente sobre as Notas para um Portugal Feliz sem diferenças [textos sobre a homossexualidade do César das Neves] e sobre a reacção da Opus Gay [Será que a Opus Dei financia esta organização?! Oh, claro que não… na Opus Dei, certamente, não há homossexuais!!!!] a essas mesmas crónicas. A meio do texto - de que gostei! - fui assaltado por uma dúvida existencial… Fala-se tanto da comunidade homossexual que é razoável pensar na existência da comunidade heterossexual. Será que eu faço parte de uma comunidade heterossexual?! Nunca tinha pensado nisto nestes termos… Aliás, se assim é, se temos uma comunidade, mantemos (pelo menos boa parte de nós…) uma prática, e estamos quase sempre (quase todos…) a pensar nesse domínio, se calhar temos uma Comunidade de Prática (CoP)!!!! (Wenger, 1998) Já estou a imaginar um sem-número de consultores a ganhar dinheiro com isto, um organismo do Ministério do Trabalho e/ou da Educação a regulamentar e certificar as práticas de aprendizagem, um outro organismo a atribuir uma etiqueta de validação que envergaremos, orgulhosos, na lapela a dizer: “Eu pratico sexo de qualidade, NORMA ISO 696969”. O admirável mundo novo!
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Wenger, E. (1998). Communities of practice: learning, meaning and identity. New York: Cambridge University Press.

Celta de Vigo. Quem é amigo, quem é amigo? Ops, desta vez não vai ser o Celta de Vigo... Vai ser a Lazio de Roma.

Tito Andrónico, #3. Será que, atendendo à natureza da peça, o Presidente da Assembleia da República poderá apresentar as despesas como gastos em Formação Contínua?!

Tito Andrónico, #2. Quem conhece a peça saberá que é um tormento de vinganças, violência e dor do princípio ao fim. Arão, escravo mouro, a mais terrível das criaturas da peça, diz, a certo instante: "Isto é política!" Não pude evitar... Olhei, de viés, para João Bosco Mota Amaral que via a peça atrás de mim... Terá sido impressão minha ou ele assentiu com a cabeça esta tirada? Ele lá saberá...

Tito Andrónico, #1. Ontem fui ver o Tito Andrónico. Para um dos textos menores de Shakespeare, uma excelente encenação e interpretação de Luís Miguel Cintra. A não perder.

quinta-feira, julho 24, 2003

O Anarca está constipado e quer constipar a malta toda... Irra, que maus figados... deixa lá a malta mastrubar-se à vontade, carago! Uns usam O Meu Pipi (o dele, não o meu...) outros o metabloguismo.

PS. (alias, PSD...) - Essa do Jaime Ramos parece-me um boa ideia, o gajo tem prática de gestão. Consta que é sócio ou familiar de sócio das maiores empresas da Madeira... Consta que caso contrário as empresas não tinham hipótese de funcionar na região...

Católico e de Direita. Ok, confesso!!! Estive a pensar em responder, novamente, ao J. Confesso até que tenho o texto dele aqui aberto, num documento Word, a fim de ir respondendo ponto por ponto. Mas não o vou fazer. Para já porque o texto é enorme e só a perspectiva do trabalho que me ia dar distrai-me logo para outras tarefas. Sabe, caro J., eventualmente considerará isto gravíssimo, mas eu sou muito permeável aos 7 pecados mortais... veja lá que até trago comigo, no meu nick, o número 7!!! Logo, também a preguiça, é algo que teima em tentar-me... Coisas do Diabo! E por falar em Diabo, e já que o PM não faz o seu trabalho adequadamente, ocorre-me dizer-lhe uma coisa, a propósito da "verdade" que sai de cada uma das suas palavras. Ocorre-me trazer até si, e dos outros leitores aqui do tasco, a definição, por Ambroise Bierce, no Dicionário do Diabo (o verdadeiro!!!), de verdade:

TRUTH, n. An ingenious compound of desirability and appearance. Discovery of truth is the sole purpose of philosophy, which is the most ancient occupation of the human mind and has a fair prospect of existing with increasing activity to the end of time.

Acho que estamos conversados...

Miraleve. Ainda pensei, face a uma referência duma formiga que por aí anda a espalhar feromona, em lançar aqui uma campanha de solidariedade, contactando, inevitavelmente, a TVI, a fim de lhe arranjar um emprego. Mas, afinal, parece que este maduro se meteu de amizade com um outro artista de voz grossa e já arranjou maneira de lhe construirem uma estátua... Sendo assim, lá vou eu, feito urso, continuar a trabalhar para pagar a estátua a estes cromos...

Metabloguismo e Análise Social de Redes. A blogosfera tem andado entretida a discutir a… blogosfera! Desde que o JPP iniciou o debate (foi ele que iniciou o debate, não foi?), foi um nunca mais parar de reflexões. O JN mergulhou no tema, o FJV molhou os pés e um pouco por todo o lado tem-se chapinhado… Entretanto o PK, vulgo Anarca Constipado, resolveu mergulhar de chapa… molhando toda a gente.

A verdade é que hoje (ou terá sido ontem?) recebi um convite para um encontro nacional de blogs, em Braga, o PRD, no DNa, já escreveu sobre nós, o PQ, no Expresso, entrevistou o Pipi e isto não fica por aqui…

Faço então uma sugestão de estudo, agora assumindo o papel de sociólogo [não] praticante na blogosfera, para usar a designação que o JN, me dedicou. Valia a pena, para alimentar esta meta-discussão, fazer um estudo de centralidades e influências dos diversos blogs. Quem cita quem, quem refere quem, quem é amigo de quem, quem não gosta de quem… Para tal propõe-se uma análise às colunas dos links, uma contabilização das citações e das polémicas, uma análise dos resultados dos sitemeters, etc. Como base para a construção da problemática teórica utilizar os contributos da Teoria de Redes e da Análise Social de Redes; para a instrumentalização empírica utilizar o UciNet. (esta sugestão é, sobretudo, para o Socio[b]logue e para o Contesta, que apesar de afastado destas questões da metablogosfera é um interessado na temática das redes.)

Governo iraniano reconhece ter membros da Al-Qaeda em seu poder. Pronto! O Colin Powell reconhece que é um avanço, não tarda nada está o Rumsfeld a afirmar que é uma provocação... Mas, já agora, se calhar era tempo do Irão proceder às tais reformas que tanto se esperou de Katami, não acha, Resistência Islâmica? É porque eu não tenho dúvidas que uma larguissíma franja da sociedade iraniana, rejuvenescida, urbana e escolarizada, anseie pelas mudanças... Mas para quando a efectiva democratização do país? O que acha sobre isso?

Souto Moura. Ficámos a saber que para o Procurador Geral da República há certos factos que podem não ser verdadeiros! Factos não verdadeiros??!!! O que é que isto quer dizer?? Ficámos ainda a saber que o segredo de justiça tem de ser respeitado por todos, mas lá foi deixando escapar a confirmação velada de que Ferro Rodrigues, efectivamente, continuou sob escuta. Em suma, ficámos a saber o que já se sabia: Souto Moura não sabe o que diz, mas procura dizer sempre tudo aquilo que sabe …

Ao Sul. Descobri agora mesmo um blog de Beja, essa terra quente, marcante no meio da planicie e marcada pela torre de menagem. Seja benvindo à Blogosfera.

quarta-feira, julho 23, 2003

Regras da atracção. Por que é que a vida não é linear, feita de pequenitos sobressaltos amorosos, de grandes valores morais e ao som da "sound of music", como na Música no Coração? Porque é que gajos como o Boyle, o Fincher ou o Avary têm que nos lixar a cabeça com representações tramadas da vida?! Porque é que não nos deixam esquecer? É porque se ninguém nomear a coisa, pode ser que ela deixe de existir... Agora a sério, para os menos impressionáveis, o filme Regras da Atracção de Roger Avary vale a pena ver...

Sporting - Monaco, #6. Será que o Engenheiro vai apostar nos jovens jogadores? Mário Sérgio, Miguel Garcia, Custódio, Carlos Martins, Lourenço, Paíto, Ronaldo...

Sporting - Monaco, #5. O Sporting vai lá...

Sporting - Monaco, #4. Miguel Garcia e Mário Sérgio a lutar pela titularidade para a lateral direita... Espero que o Eng. não se lembre de experimentar o Quiroga, o Hugo, o Beto e o Sá Pinto para aquela posição...

Sporting - Monaco, #3. Gosto de ver a equipa do Sporting jogar sem prima donas...

Sporting - Monaco, #2. O Paíto vai roubar o lugar ao Rui Jorge, ai vai, vai...

Sporting - Monaco, #1. O Carlos Martins enche o meio-campo. Será impressão minha ou temos um alguém para o meio campo ainda melhor que o Hugo Viana?

Sporting - Monaco, #0. Vou escrever algumas notas soltas sobre o que estou a ver neste instante a ver na TVI.

SIDA, tolerâncias e ignorâncias. Partilho convosco um interessante post do Cristão Praticante.

A direita conservadora e a homossexualidade. Ainda na senda da discussão com o Católico de Direita deixo aqui um interessante link para o blog do Andrew Sullivan... Só para alargar o debate. É porque com tanta gente de direita na blogosfera valia a pena tratar de discutir a tal questão fracturante...

terça-feira, julho 22, 2003

Livro Aberto. Fiquei a saber que o EpiCurtas não é conhecido na NTV... Quanto ao passatempo, e para que fique aqui registado, o investigador d' A Balada da Praia dos Cães é o Otero, mais conhecido por Covas; ainda que Covas só o inspector ouse chamá-lo em sua presença.

Socio[b]logue. O Socio[b]logue mudou de visual. Está com bom aspecto. O Socio[b]logue mudou as categorias! Agora já não estou no campo dos Comentaristas, estou no campo dos Colunistas, Cronistas e Comentadores. Registo e esboço um sorriso. Oh, JN, isso de manter essa coluna dos links actualizada e adequadamente representativa deve dar uma trabalheira...

Pais e filhos. Descobri um blog onde se fala das responsabilidades de um pai liberal. Diz:
1 - Fazer do filho uma pessoa boa, que não faz mal aos outros;
E não fazer mal a si próprio...
2 - Ensinar o filho a gostar de viver, a apreciar as coisas pequenas, que nos acontecem todos os dias;
Aproveitando, sofregamente, cada uma dessas pequenas coisas...
3 - Criar no filho curiosidade permanente;
Sempre!
4 - Protegê-lo dos perigos e doenças;
Evidentemente!
5 - Dar-lhe, enquanto ser dependente, os cuidados básicos - comer, dormir e algumas vacinas;
Como é óbvio!
6 - Explicar-lhe que todos os homens são iguais;
Mas cuidar que perceba que, na verdade, para lá dessa igualdade, todos são diferentes; e isso é bom!
7 - Contar-lhe que a história não tem razão. Em cada momento, tudo faz sentido;
Boa! O reconhecimento da contingência...
8 - Mostrar-lhe a beleza da terra;
E do céu, e do mar, e dos rios, ...
9 - Amá-los loucamente, como eles são;
E não como gostaríamos que fossem... (exclui-se desta regra a cartilha sportinguista!)
10 - Tentar fazer com que acreditem em Deus, porque tudo fica muito mais fácil.
Muito mais...

Cuidado com os Islâmicos! Ainda a propósito de tolerância e respeito pela diferença e pelos outros... a resistência islâmica queixa-se e lamenta ter recebido dezenas de mails, dos quais metade seriam insultos. Não compreendo a surpresa!!! A ignorância, a violência e a intolerância andam de braço dado, meus caros. É, de resto, uma característica transversal às diversas culturas, onde dificilmente se conseguem distinguir; néscios há em todo o lado…

O Católico de Direita e a homossexualidade.

Enquadramento
O. O católico de direita pronuncia-se sobre a homossexualidade;
1. Eu respondo acusando-o de intolerância e demarcando-me dessa direita.
2. Ele riposta propondo uma discussão conceptual (3), chamando-me pateta e idiota (4), afirmando a homossexualidade como um questão fracturante entre a esquerda e a direita (5) e manifestando agrado por não me ter na sua companhia (6);

Discussão
3. Diz o Católico de Direita que eu, falando sobre a sua “intolerância” recorro a “uma técnica clássica da “agit-prop” esquerdista, que consiste em atribuir a uma certa palavra um determinado significado que a mesma não possui”.

Vejamos então:
Tolerância s.f. 1. Carácter ou atitude de quem aceita ou admite aquilo que é diferente (…) 2. Aceitação do que não se pode ou não se quer impedir (…) 3. Capacidade ou qualidade de admitir e respeitar as ideias, os comportamentos… com que não se concorda; aceitação da diversidade, do pluralismo (…) in Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa.

Olhemos, agora, para algumas afirmação do Josephuscarolus:
Preocupa-me a forma obsessiva como a homossexualidade tem vindo a ser promovida na sociedade portuguesa nestes anos mais recentes, sendo apresentada de forma romantizada, como um estilo de vida alternativo, bom, agradável e perfeitamente aceitável, num logro propagandistíco que tem como vítimas principais os mais jovens, ainda em período de formação de ideias.

Importa-se de repetir?! Quer então dizer que não é aceitável? Se não é aceitável, poderá ser tolerado? Não tolerando, ser-se-á tolerante?

Mas, ainda que entendamos o conceito no seu mais lato senso, como indulgência ou condescendência, e aceitemos o Católico de Direita como alguém tolerante face à homossexualidade, o que ele não consegue disfarçar é a sua total falta de respeito para com a diferença:
Ora, essa visão da realidade homossexual é altamente falaciosa: de facto, a homossexualidade só pode ser encarada do modo como tradicionalmente sempre o foi até ao retrocesso civilizacional da actualidade, isto é, como um comportamento grave e profundamente desordenado, não só com seríssimas consequências físicas para os seus praticantes, mas também como uma óbvia ameaça à estabilidade e futuro da própria sociedade.

Parece-me evidente que, quanto a isto, estamos conversados.

4. Diz ainda que eu assumo “o patético papel de idiota útil na guerra cultural sem tréguas nem quartel que aquela move aos valores civilizacionais cinco mil vezes milenares da tradição judaico-cristã.” [riso] Ou o caro J. é um comediante genial e tem-me, desde já, rendido a seus pés ou, caso assim não seja, envie-me um mail a pedir socorro e eu prontamente lhe dou a indicação de um excelente terapeuta para o ajudar a sair desse marasmo em que se encontra…

5. A homossexualidade não é uma questão fracturante entre a esquerda e a direita; é antes uma questão de pluralidade, respeito pela diferença e tentação pela imposição de valores. E há uma coisa que diz com a qual estou parcialmente de acordo. “A uniformidade de pensamento sobre qualquer questão é apanágio da esquerda.” Eu proponho a revisão da frase para algo como: A uniformidade de pensamento sobre matérias políticas é apanágio da esquerda. A esquerda tem um sonho, olha para a sociedade e procura mudá-la em nome desse sonho. A direita é pragmática, olha para a realidade, procura compreender os seus mecanismos, e tenta gerir o que tem sem pretensões de mudança radical. A imposição de valores é, por conseguinte, e aqui estamos de acordo, apanágio da esquerda. O estranho é que haja tanta gente à direita cheia de vontade de normalizar o comportamento dos outros, validar moralmente as condutas e impor regras de comportamentos à sociedade!

6. Quanto à manifestação de regozijo por não se sentir acompanhado por mim, resta-me agradecer. Melhor que a minha demarcação, só mesmo a reiteração, da sua parte, do nosso incontornável distanciamento. Obrigado!

7. Já agora, só mais umas questões…
Diz:
Na verdade, os próceres do homossexualismo sistematicamente ocultam que esta prática, para além de ser responsável pelo alto grau de incidência de sida entre os homossexuais (é certo que em números absolutos há mais heterossexuais seropositivos do que homossexuais nas mesmas condições, mas esses números também têm de ser aferidos cotejando-se a proporção de seropositivos em relação ao total suposto de membros de cada um dos dois grupos na população) e pela ocorrência de toda uma série de outras doenças sexualmente transmissíveis, das quais se destaca a tradicional sifílis, é também culpada por um inusualmente elevado número de cancros da região recto-anal, bem como de diversíssimos casos de relaxamento dos músculos esfincteres, os quais acarretam situações mais ou menos graves de incontinência fecal. O balanço final desta situação é uma esperança média de vida de cerca de menos vinte cinco anos para os homossexuais em relação aos heterossexuais.

Não é a igreja católica que continua a não concordar com o uso do preservativo? Nomeadamente em África, onde o flagelo é, aparentemente, incontrolável… Ou será que é pelo facto de serem Pretos??!!! Também partilha das revisões ideológicas das teorias científicas de Vidal de La Blache a Offstead?

Propõe a criação de uma lei contra a prática de sexo anal? Veja lá, olhe que os níveis possíveis de intervenção do Estado são imensos… Para um mundo de doutrinação interminável é só seguir as pegadas do irmão Torquemada.

Os homossexuais têm uma esperança média de vida de menos 25 anos?!!!! Ora aí está um estudo sobre o qual gostaria deitar os olhos… Vá lá, faculte lá à blogosfera o link para tal estudo.

Doce. As Doce já não são o que eram e já não me inspiram como quando tinha 6/7 anitos!!! Mas que diabo, os Beatles também já não são o que eram... Bem hajam, doces Doce!

segunda-feira, julho 21, 2003

76 - Ricardo. Eram 19h50m. Estava no Alvalade XXI. Pela escadaria da Mega Store Fan Lab vi descer o guarda-redes da selecção nacional, agora, também, do Sporting Clube de Portugal. Benvindo, Ricardo, ao reino do Leão. À saída, pareceu-me ouvir, do outro lado da 2ª circular, um silêncio gelado... Brrrrrrrrrrr, que frio!!!!

Ele não nasceu prà música. O meu vizinho, ontem, na penumbra da noite, na quietude da varanda das traseiras, na indiferença da solidão e na alienação da bebedeira cantava languidamente: "Música, eu nasci prà música..." Não nasceu, não! Posso garantir.

EpiCurtas e o BES. Qualquer semelhança entre o EpiCurtas e o BES é mera coincidência. O ouro sobre o verde é uma sublime manifestação de desejo de que o meu Sporting faça deste ano desportivo uma temporada dourada!

Aviz. FJV responde ao meu sorriso sobre a blogosfera dizendo que o interpretei mal. De entre as várias coisas que diz, diz o seguinte: «O que eu defendi foi, justamente, o direito a fazerem-se citações sem censura e sem limite nos blogs — e que ninguém tinha o direito de vir impor uma moral particular nesta matéria.» Destaco o “sem censura”, o “sem limite” e o “ninguém tinha o direito de vir impor uma moral particular”. Estamos de acordo! Reconheço que interpretei mal o texto do FJV, mas a verdade é que me serviu o propósito de parodiar com o metabloguismo; permitindo-me citar, como eu pretendia; citando mal, vejo agora, como o FJV referia e, portanto, ilustrando adequadamente o texto do Aviz. Fui, em posts soltos, referindo o metabloguismo como uma tentação de regulamentar e baiar, como um instrumento para ir exercendo juízos de valor sobre a forma e o conteúdo dos blogues – atitude que me pareceu antever no Abrupto; mais até que uma tentativa de análise de “categorias” e/ou de intenções proposta por JN, no Socio[b]logue. Gosto pouco de regulamentações e normalizações e amo a liberdade. Gosto de citar quando me apetece, de parafrasear se me convém… às vezes, até, de iludir e enganar… Gosto de falar a sério, de falar a brincar, gosto de ser polido, de avacalhar, gosto de respeitar ou de provocar. Gosto de fazer o que me apetece, e não o que bem parece!

O Anarca Constipado dedica-me um post chamando-me queixinhas e palhaço, sugerindo-me que vá aos cornos ao sobrinho da professora mulher e tia de alguém importante. Oh, meu amigo... eu se fosse aos cornos a todos os imbecis que me passam ou passaram pela frente na universidade, o meu nick não era o Tyler Durden do Fight Club, mas Bud Spencer na maior máquina de partir ossos.

[Caro Alfredo, isso das universidades é um mundo muito sombrio. Nessa história do filho do Adélio da leitaria o prof. ainda tinha publicado um livro em 1994... e aqueles outros com sebentas amarelecidas pelo tempo, redigidas há décadas, que "ensinam" Produtividade do Trabalho sem nunca terem posto os pés numa empresa?] Universidade II. Há dias uma ex-aluna minha, agora minha formanda em contexto diferente, perguntou-me onde é que eu lhe recomendava que fizesse um mestrado. Quis aferir se as suas opções se confinavam a território nacional. Respondeu-me que sim... Disse-lhe: "Ouve, pegas nos 5 mil euros, numa mochila com t-shirts, duas calças de ganga e meia dúzia de cuecas e vais passar umas férias catitas algures pelo mundo fora!". Agora a sério... para se estudar em Portugal, no ensino superior, ou um gajo tem um estômago robusto, evita regorjitar a cada nova desagradável surpresa, e lá vai atamancando o "serviço" ou é um carneiro lambe-botas que se integra perfeitamente no cortejo de beija-cús que a instituição feudal anualmente promove.

sábado, julho 19, 2003

Bolas. Vocemessezes sofrem muito nessa coisa das universidades. Parecem histórias como as do filho do Adélio da leitaria, que teve um professor de economia que mandava os alunos ler um livro que a editora publicou uma vez em 1994 e nunca mais volta a ser publicado, pelo que só o Prof é que o possui. Ou aquela do outro prof que fez três revisões de prova de frequência a mais de metade da turma e de média geral de sete a turma passou a ter média de catorze e depois disse que tinha havido erros de avaliação....eu cá de erros de avaliação nã percebo nada mas dobrar as notas parece-me incompetência...é só um problema de adjectivos.

A universidade portuguesa

Diz Animal, no Blog dos Marretas:

CULTURA DE EXIGÊNCIA
Há algumas semanas contei aqui a magnífica história de um candidato a mestrado e do seu orientador. Tinha a ver com a imposição de normas formais (formatação do texto, irrelevância dos conteúdos científicos, etc.).
Agora a coisa tomou novas proporções: o conselho científico da instituição onde decorre esse mestrado devolveu a tese à procedência com base nestas pertinentes razões:
1 - o tipo de letra usado para identificar a instituição não concide com o tipo de letra oficial usado para identificar a instituição (foi usado Times New Roman, quando deveria ser Garamond);
2 - o orientador estava identificado como Professor Dr. quando deveria estar escrito Professor Doutor.
Excelentes motivos, estes. Com a vantagem que, enquanto o candidato refaz a capa da tese e a volta a encadernar e a entrega de novo na escola, paga pelo menos mais um mês de propinas (45 contos).
Ainda há quem se queixe que neste país não há uma cultura de exigência... é mesmo vontade de dizer mal! Que gente!
ANIMAL
(Ápedeite do poste: ófe da récorde, fizeram saber ao candidato que, para além das razões antes enunciadas, outros motivos relevantes foram debatidos: o facto de a capa não ser dura; um gráfico cuja cercadura não estava completamente fechada (a informação numérica podia sair pela abertura...); e last but not least, as páginas não tinham "aquele risquinho por cima" (header, para os paneleirotes que, como eu, gostam de saber os nomes das coisas inúteis). Portanto, razões mais do que suficientes para rejeitar uma tese. Fim do ápedeite.)


Eu cá conheço mais uns casos catitas… Deixem-me partilhar convosco um:

Uma senhora, esposa de alguém importante, tia de alguém ainda mais importante, resolveu transformar um trimestre de mestrado (24 horas), inicialmente organizado em sessões de duas horas ao longo de 12 semanas, num compacto de 4 horas num Sábado, 16 horas (4 horas/noite) numa terça, quarta, quinta e sexta, em horário pós-laboral (18.30/22.30) e mais 4 horas na segunda seguinte!!!! Quando alguém contestou, a senhora resolveu intimidar… Não intimidando, resolveu punir… Não podendo punir isoladamente, resolveu punir todos! Conseguiu uma turminha cabeceante e amedrontada… Garantiu um par de botas bem lambido por gente menos ousada e temerosa… Na apresentação oral dos trabalhos, mandou um grupo para casa vestir-se em condições (para de marido e sobrinho importantes, deve ser prima do José Manuel Fernandes…) e, no fim, teve que engolir um sapo do tamanho do aluno que a afrontou (que não é muito grande, diga-se a bem da justiça…) atribuindo-lhe a melhor nota da turma…

E perguntarão os leitores, mas afinal o que é que o cú tem a ver com as calças? E eu respondo: tem tudo, meus caros, tem tudo!!! É porque na história do Animal, como na minha, o ensino, a aprendizagem, a utilidade e o prazer, tendo o Feudo, perdão, a Universidade como fundo, é mera coincidência!

Comentar ou não comentar, eis a questão…
Ou
O drama da Toca
Ou ainda
Notas para a discussão da blogosfera, Versão número não quantos…
Ou ainda mais
Um sorriso sobre a importância relativa das coisas!

Há dias notei que o JN, no Socio[b]logue, classificou o EpiCurtas como Comentarista, mais abaixo, na sua classificação, aparecem os Colunistas. Procurando aferir a razão de ser de tal classificação, JN informou-me que eu fazia parte, juntamente com os outros ilustres companheiros de categoria, do grupo de bloggers que mais comentava os seus posts, donde, pressuponho, à falta de melhor ideia, maior rigor e mais funda aferição de justiça: Comentarista serás! – terá pensado o João.

As categorias sempre me incomodaram e, kafkianamente, como quem protege a sua Toca, lá me dediquei a pensar sobre o assunto.

Mas porquê comentarista? E porque não, mais dignamente, Colunista, como os baluartes da blogosfera (JPP, PM, MEC, FJV, …)? Que raio de fado! Como é que eu agora renego esta desdita? Afinal, o poder simbólico, na blogosfera, é validado pela capacidade de se ser citado. E aí é que reside o meu drama. É porque se sou comentarista cito, não sou citado (vejam lá a vergonha deste post… é só hiperligações… e não tarda nada aparecem aí os () com apelido virgula ano… aliás, tendo falado no poder simbólico já estou a dever uma citação ao Bourdieu…). Mas a coisa é bem pior… sou eu, precisamente eu e os mais fracos elos que conferimos aos poderosos o poder que têm!!! Afinal o poder simbólico é validado pelos que não o detendo “lutam”, no espaço social global, ou nos campos sociais da sua valorização, pela sua posse (Bourdieu, 1989 – cá está!!).

Por outro lado o FJV, no Aviz, lá vai jocosamente referindo a paranóia da caça à citação, e isso deixa-me triste! :-( Deixa-me triste porque me menospreza; porque me olha de cima, do alto do estatuto de Colunista. Como quem diz: comentem, comentem… e lutem lá por merecer, da nossa parte, uma referenciazita que vos aumente o pindérico número de pageviews que ostentam aí ao lado…

Por outro lado ainda (a realidade é tão complexa!!!!) antes comentarista raramente citado (Obrigado, PM, pela referência no Dicionário do Diabo, ao post sobre os Henrique Barrilaro Ruas!!! Mil obrigados por olhares para mim e escreveres o nome do EpiCurtas!! Obrigado!!!!! Encarecidamente obrigado!!), que pura e simplesmente ignorado. Pelo menos confere-me, socialmente, existência.

Pois pesadas as coisas comentarista serei!

[A verdade é que a blogosfera é tão interessante, diversa e divertida, que é como entrar em conversa sem ter a necessidade de a iniciar. Até podemos brincar às polémicas do princípio século XX… tipo Dantas e Almada... Que bela é a blogosfera e que confortável é ser-se comentarista!!! Já agora, caros Colunistas, escrevam, escrevam… escrevam sempre!]

quinta-feira, julho 17, 2003

Porky’s II. Reparo e relembro agora que estes filmes contavam com a figura do Reverendo Bubba Flavel, uma figura publicamente moralista e intolerante, na senda de uma virtude validade pelos pares, uma figura privadamente viciosa, viscosa e ardilosa, na senda de um poder desmesurado. Afinal é bom que a SIC rodeie a transmissão do filme de tantas cautelas… não vá alguém vislumbrar parecenças comprometedoras!

Porky’s. Já lá vai bem mais que uma década, mas lembro-me bem de ver os filmes do Porky’s, com as suas múltiplas vinganças, em noites de Verão, em vídeos com a indicação “front loading”, acompanhando o visionamento com umas pipocas que fazíamos em casa. Neste preciso momento reparo que o filme está a passar na SIC com a bolinha no canto superior direito! A inconsistência da moral dominante é extraordinária… A desgraça humana, a violência, a podridão comportamental das nossas figuras de proa passa às 20.00 no jornal da noite. A história, algo ingénua de resto, de um bando de rapazes em busca de boas aventuranças nos mistérios guardados para lá das roupas das raparigas da mesma idade – note-se que disse da mesma idade! – passa, a bem da moral e dos bons costumes, com a indicação de eventual ferimento de susceptibilidade… Nada como uma boa tónica hipócrita para o advento civilizacional!

terça-feira, julho 15, 2003

Aviz recomenda [e bem!]. Richard Zimler escreveu, há uns anos, um romance “proto-policial” passado na Lisboa da Inquisição. É a história de um jovem judeu que procura desvendar a estranha morte de seu tio, judeu iniciado nas artes da cabala. É um romance envolvente, que para lá de uma teia de acontecimentos inesperados e viciantes, nos traz um retrato de uma Lisboa, junto à Sé, que, para quem gosta da zona, pode aditar às de Saramago e de Rodrigues Miguéis. Diz-nos Francisco José Viegas, no Aviz, que Zimler lançou o segundo livro do ciclo anunciado: Hunting Midnight. Procurá-lo-ei na primeira oportunidade. Boa lembrança, Francisco!

Li e gostei! Li uma referência àquele [Miguel Esteves Cardoso] que também foi a minha principal referência para a escrita escorreita e imediata e gostei! Li uma outra referência ao jornal [O Independente] que, durante algum tempo [os gloriosos anos da transição da década de 80 para 90], também foi para mim uma paixão e gostei! Li referências elogiosas, para além de a Miguel Esteves Cardoso, a Vasco Pulido Valente e a João Bernard da Costa e gostei! Entre umas e outras relembrei a saudosa Kapa e gostei! Depois li o desconforto, resultado de uma certa incomodidade, que Ivan Nunes sente com o ser de esquerda e o ser da esquerda e gostei! Senti em alguém à esquerda exactamente o mesmo incómodo que eu próprio sinto em relação a isto de ser de direita ou ser da direita e gostei! Li o elogio a um registo de escrita da “direita” e gostei! E logo eu que pensava que o país imaginava os intelectuais todos à esquerda… por isso gostei! Li, identifiquei-me, e respeitadas as diferenças, gostei! Gostei, caro Ivan.

Henrique Barrilaro Ruas.
Diz Pedro Mexia, no seu Dicionário do Diabo:

IN MEMORIAM: Sou, como talvez saibam, simpatizante da causa monárquica (com minúscula). Monárquico por tradição familiar e sensível ao argumentário em favor do regime (bem mais sólido do que a caricatura habitual), nunca consegui porém passar de «simpatizante» a «adepto»; e por uma razão: os monárquicos. Os monárquicos - os portugueses ao menos - são na sua maioria os maiores patetas com quem me foi dado conviver. Dez minutos a conversar com monárquicos e sinto-me pronto a depôr flores no António José de Almeida; um jantar com monárquicos e meto o barrete frígio. A snobeira, a indigência intelectual, o absentismo, a pura idiotice, eis as marcas dos monárquicos portugueses que tenho conhecido. É por isso que não queria deixar de assinalar a morte do monárquico mais decente que conheci até hoje: Henrique Barrilaro Ruas. Barrilaro Ruas era a prova (mas não a regra) de que os monárquicos podem ser cordatos, probos, intelectualmente sérios, preocupados com as questões que importam, humildes, eruditos, cavalheirescos. Infelizmente, não conheci muitos assim. Ainda recentemente me chegaram às mãos trabalhos de Barrilaro, sobre Camões e Maquiavel. Ainda há semanas estive num jantar onde Barrilaro também esteve presente, e uma vez mais o achei um habitante de um planeta dos nossos grunhíssimos monárquicos (mesmo em assuntos nos quais não estávamos de acordo, como a Europa). Foi o melhor exemplo de monárquico do último meio século, pelo menos o melhor dos que conheci. Agora, estamos reduzidos aos palermas de bigode retorcido.
Posted by: Pedro Mexia / 10:26:55 PM


Henrique Barrilaro Ruas foi um senhor que aprendi a respeitar, pelo respeito pelos outros que sempre fui capaz de lhe vislumbrar. Um monárquico sem tiques toureiros nem "bigode retorcido"; um monárquico para quem o municipalismo sempre foi mais importante que a prosápia fadista e anti-republicana. Eu também fui simpatizante monárquico, como o Pedro Mexia diz ser. Ante o falecimento de Barrilaro Ruas, resta-nos um monárquico decente em Portugal: Gonçalo Ribeiro Telles; e como tal, torna-se ainda mais dificil a identificação com uma causa de gente maltratada pelo tempo, que veste blaser azul, com cheiro a naftalina, com a coroa real na lapela, e vai ao beija-mão, ao Castelo de S.Jorge, por altura do jantar dos conjurados, saudar o D.Duarte.

Paz à sua alma, caro Henrique.

sexta-feira, julho 11, 2003

Expresso. Questiona-se o Pedro Mexia, no seu Dicionário do Diabo, sobre a razão de comprar o Expresso. Eu cá tenho uma coisa a dizer, a partir da minha experiência particular. Eu deixei de comprar o Expresso!!! Como deixei de ter a Blimunda, a minha cadela Retriever Labrador, e deixei de ter a necessidade de a educar a fazer as necessidades no jornal... Deixer de comprar o pack semanal de recolha de fezes!

quarta-feira, julho 09, 2003

Por Maria. Novo blog... do Alentejo profundo, ecos de algo que aferiremos com o tempo... Benvindo, caro David.

Administração Pública no Socio[b]logue [aditamentos para o estudo]. Face à possibilidade de introdução do contrato individual de trabalho (contrato de trabalho sem termo) – situação normal para a maior parte dos portugueses não funcionários públicos - na administração pública, alguns stakeholders - com particular destaque para os sindicatos, agentes destacados da autopoiética referida por JN – manifestaram-se fortemente contra esta alteração do enquadramento jurídico. Num estudo que fiz, sobre um anunciado processo de reforma de um organismo da AP, deparei-me com um fortíssimo bloqueio à mudança. Pareceu-me estar perante um sistema psicodinâmico (Stacey:1998) que a impede. Uma fantasia – do emprego para a vida, que jamais deverá ser questionado – que mantém as pessoas fechadas à mudança. “Esse sistema assum[e] a forma de uma fantasia inconsciente partilhada e erigida como defesa contra as ansiedades particulares (...)” (ibidem). Na verdade, e com variações ténues, resultantes do lugar hierárquico ocupado, a questão do emprego para a vida está sempre presente. Em alguns casos o medo da sua perda, noutros a sua afirmação como suporte de indiferença a cenários futuros menos risonhos – argumentações estas que visam a auto e a hetero justificação.

STACEY, Ralph (1998). O papel das fantasias de grupo no bloqueio da mudança organizacional. Comportamento Organizacional e Gestão, 4(1), 203-224.
_____________________________
Nota: Reparo que o JN coloca o EpiCurtas n’Os Comentaristas… O que significará esta classificação?

Arrrggghhhh... É por estas e por outras que eu, à cautela, vou reservando a minha afirmação de direita para conversas mais longas e esclarecedoras... É porque se isto é ser-se de direita, extrema-esquerda aí vou eu... Pelo menos, do alto da sua verdade maniqueísta e absoluta, este católico de direita, magnanimemente, lá concede: «(...) e, como tal, não propugno que dois adultos que se envolvam numa relação homossexual voluntariamente consentida sejam perseguidos criminalmente(...)». Calculo que os homossexuais agradeçam encarecidamente tal benfeitoria. Eu cá, entre um escarro e uma náusea, face a tamanha intolerância, sempre vou dizendo que sou de direita, mas não tenho nada a ver com isto!

segunda-feira, julho 07, 2003

Gestão de impressão, … [breve resposta a Socio[B]logue]
1. A designação do conceito não é coisa menor. E se bem que concorde consigo quanto à importância maior do sentido, a verdade é que a designação é socialmente construída, reconhecida, acordada e validada. E é-o num contexto específico de interacção. Se quiser é o sensemaking (Weick, 1995), resultante de uma partilha do sentido pelos agentes, que conduz à acção. Equívocos na definição levam, não poucas vezes, a inconsistências na acção [já aqui coloquei um post referindo os equívocos resultantes de uma baixa clareza do conceito de planeamento estratégico].
2. Nesta linha, inteiramente de acordo! Sugiro para um aprofundamento deste aspecto a leitura aconselhada por 5 minutos: Watzlavick, Paul (1993). The situation is hopeless, but not serious: the pursuit of unhappiness. Stanford: WW Norton.
3. Esclarecido!

Weick, K. E., (1995). Sensemaking in organizations. London: Sage

O Intendente. Portugal não é um país hipócrita, Portugal é um país moderno! Lisboa é uma cidade com paredes de vidro, orgulha-se de ser uma capital de corpo inteiro, uma verdadeira representante do país real. Com tudo à vista! Conserva, Lisboa, num dos seus principais eixos (a Av. Almirante Reis), à vista de toda a gente, um gigantesco supermercado de droga com área de consumo. Na mesma zona, cumprindo as propostas de criação de clusters do Michael Porter, pode ainda recorrer-se aos serviços especializados de prostitutas, das mais diversas nacionalidades, conferindo ao espaço um je ne sais quoi de cosmopolitismo. Mais: para lá da aceitação no seio da vida quotidiana da cidade, uma das mais prósperas actividades económicas do país - com as mais diversas repercussões noutras actividades económicas, como a venda de limões, o lazer, a hotelaria, o tráfico de armas - a coexistência de tão dignas actividades na zona do Intendente, permite educar as crianças que têm que se deslocar ao centro de saúde, sito precisamente no centro deste cluster, sobre como preparar um caldo, mandar um chuto, fisgar um cliente para dar uma queca, configurando-se como uma excelente extensão educativa da escola. Numa nunca vista parceria entre a Câmara Municipal de Lisboa, o Mistério da Saúde, o Ministério da Educação, o Ministério da Economia e o Ministério da Administração Interna, a cidade dá uma resposta inequívoca a todos aqueles julgaram não ser possível avançar firmemente para o futuro! Viva o Intendente! Vivam os narcotraficantes! Vivam os chulos! Vivam as putas! Vivam os agarrados! Viva o Presidente da Câmara! Vivam os Ministros! Viva!!!!!!!

Blogs e os deputados. No fim-de-semana li uma notícia sobre os blogs e os deputados. Nenhuma novidade. Poucos têm, ainda, um blog. Quando tiverem, muitos deles serão à triste imagem do ciberscópio. Para já, que tal uma legislaçãozita ou um regulamento de funcionamento? NORMALIZAR, FORMALIZAR, REGULAR!!!!!! A paranóia prossegue…

Blog de um preso preventivo. Para quando um blog de um dos mediáticos presos preventivos? O dia-a-dia na prisão, os pensamentos sobre a preventiva, confissões e/ou negações.

Phone Booth [Cabine Telefónica]. Moralista prosélito, Schumacher traz-nos um filme intenso rodado numa cabine telefónica (outro objecto em vias extinção para a lista do JPP, no Abrupto?). É um thriller muito peculiar rodado em torno de um espaço exíguo, com a ameaça intimamente presente, mas sem corpo à vista. A intensidade dramática que consegue até meio do filme serve, apenas, para abrir portas para mais uma trivial lembrança dos “pecados” da mediatização, da ambição, da cobiça, da traição e da solidão a que estão entregues os seres urbanos… 3 estrelas.

sexta-feira, julho 04, 2003

O princípio do fim da tosse. Para a minha querida mulher, que acompanhou a tormentosa semana, estou quase curado e tu poderás voltar a dormir tranquilamente. Para os meus amigos que me ofereceram Montecristo nº3, depois do almoço de Domingo, e que tive que declinar, podem tornar a fazê-lo porque estou capaz de tornar a esfumaçar. Para a minha amiga que me recomendou um conhaquezito quente com mel, a fim de substituir a tosse pelo vómito, mande lá vir o conhaque sem aquecimento e sem mel. Para a minha outra amiga que me aconselhou o "meio" copo de leite, aviso que posso já regalar-me com uma gigantesca caneca alemã de Vigor.

O mito da redentora e salvadora mudança anunciada. À minha volta, todos os dias, ouço manifestações de esperança numa anunciada mudança que as organizações prometem. Quando tal mudança acontecer, nessa altura, aí sim!, tudo será diferente. É a lei orgânica, o regulamento interno, a nomeação do director, a recuperação da crise, a entrada do novo quadro, a entrada de capital de risco, a angariação do “grande” cliente, o reforço da força de vendas, … É um universo de esperanças vãs que alimentam o conformismo de se quedarem ao invés de se mudarem. De entre os que agonizam, qual de vós, com este poema regozijam?

RIFÃO QUOTIDIANO
Uma nêspera
estava na cama
deitada
muito calada
a ver
o que acontecia
chegou a Velha
e disse
olha uma nêspera
e zás comeu-a
é o que acontece
às nêsperas
que ficam deitadas
caladas
a esperar
o que acontece


Mário Henrique Leiria, in Contos do Gin Tónico

quinta-feira, julho 03, 2003

Insomnia. Quem viu o Insomnia assistiu a uma extraordinária interpretação de Pacino, agonizando e levando-nos a agonizar, numa espiral de lânguida dolência.

Faz hoje 8 dias que não durmo um tranquilo e prolongado sono, todas as noites violenta e insistentemente estraçalhado pela tosse que me assola. Por esta altura vejo as coisas num arrastado e resignado slow motion. Só assim posso compreender uma espera de 4 horas num hospital privado a que fui sujeito, com os flashes da alternativa - insistentemente a passarem-me pela cabeça - que seria deslocar-me ao coração do Intendente, atravessar um mar de prostitutas e drogados a darem um caldo à porta do posto de saúde, esperar igualmente 4 horas (se tiver sorte…) e ser enxovalhadamente tratado por um médico demasiado importante para aquele serviço… Só assim posso compreender uma universidade feudal, feita de subserviências doentias, onde aparentemente não ocorre a ninguém que para lá da aspereza com que se fica na língua de tanta bota lamber, a bota não fica lá muito bem engraxada… Só assim posso compreender a alegre, complacente e intergeracionalmente protegida estratégia de promoção da mediocridade…

Mas isto deve ser porque estou com muito sono e fortemente afectado por uma neblina que me deve estar a toldar a vista... agonizando numa espiral de lânguida dolência!

Gestão de impressão, presunções não testadas e a ilusão do controlo II. Responde-me, por mail, JN:

Caro Tyler Durden,

Em primeiro lugar, obrigado pela interessante e instigante mensagem.
Seguem algumas observações aos seus comentários:

1. Boa parte do que diz parece-me ser clarificador, de um ponto de vista
conceptual, para o que escrevi. A clarificação que propõe, sendo pertinente,
não me parece entrar em contradição com o conceito de gestão de impressão. E
isso porque a gestão de impressão é sempre um «esforço» e uma «tentativa»
(da parte de quem a tenta) e por conseguinte, é também um "comportamento a
partir de uma análise subjectiva, assente em premissas sobre o “outro” não
testadas". Parece-me que as objecções que levanta se dirigem mais à
designação do conceito (questão da nomenclatura goffmaniana: gestão de
impressão ou administração de impressão), do que ao seu conteúdo. E
discordar da designação de um conceito, parece-me, não é sinónimo de
discordar do seu conteúdo. Logo, parece-me ser uma questão a um nível
epistemológico diferente da que coloca. Conseguintemente, lendo o que
escreveu fez-me colocar a questão da pertinência da designação seleccionada
por Goffman. E, no que a isso diz respeito, julgo que, de facto,
justificar-se-ía uma outra solução.

2. Diz ainda: «Interessante não tenho dúvidas, mas, JN, preocupante
porquê?!».
Ela é interessante sociologicamente. O seu interesse não é, todavia,
exclusivamente sociológico. Desenvolvi isso num dos comentários (não sei se
leu) em resposta ao Mário (Retorta), falando de como para pessoas com
sintomatologias depressivas (ou mesmo perturbações comportamentais e
psicopatias) a ansiedade do feedback poderia ter efeitos nefastos, por
amplificar os sintomas a ela associados. Mas, como também sublinhei nesse
comentário, essa questão diz respeito à psicologia clínica (e, quiçá, à
psiquiatria). Não à sociologia (quer dizer, poderá ser de interesse para
algumas formas de sociologia clínica ou aplicada).

3. Disse ainda: "Diz ainda, antevendo-se que o faz numa lógica de vislumbre
táctico, que de duas que desenvolve - entre outras,
depreende-se - possibilidades de acção...".
Quando o disse, estava a pensar designadamente naquilo que Goffman designa
de «perturbações de desempenho» (ele enumera os gestos involuntários, as
intromissões inoportunas, os passos em falso, as cenas...). Achei
desnecessário mencioná-los, não por uma questão táctica (deixar pontos
de fuga), mas para não perturbar a clareza e coerência do argumento.

Um abraço,
João N.


Prometo, assim que a oportunidade e a vontade se encontrem, responder a alguns aspectos mencionados. Parece-me que temos aqui "pano para mangas".

quarta-feira, julho 02, 2003

[resposta ao post de 01.07.03, do Socio[B]logue] Gestão de impressão, presunções não testadas e a ilusão do controlo. Traz-nos João Nogueira, no seu Socio[B]logue, sob a questão dos blogs, um interessante tema a reflexão, que largamente extravasa a questão que ali o justifica. Diz “(…) «gestão de impressão»: conceito desenvolvido por Erving Goffman (1993) para se referir aos esforços das pessoas para gerirem a imagem que os outros têm de si, por meio do controlo das impressões que projectam no(s) outro(s). A premissa fundamental desta noção é, como sugere o psicólogo social Barry Schlenker, a de que “conscientemente ou inconscientemente, as pessoas tentam controlar as imagens que projectam para as audiências, reais ou imaginadas” (Schlenker, 1980: 304)." Seria, assim, uma gestão (fundada na mais linear sequência lógica da própria gestão: gerir controlando, controlar medindo) das impressões que causamos nos outros. Presume-se assim, que por via da afirmação ou, simplesmente, contornando essa necessidade, seria possível controlar a impressão que os outros constroem sobre o “eu”. Diz ainda, antevendo-se que o faz numa lógica de vislumbre táctico, que de duas que desenvolve - entre outras, depreende-se - possibilidades de acção, uma delas é “(…) o receio de «faux pas» [que] reporta-se a um temor face à possibilidade de projectar uma imagem de inconsistência e incongruência (receio de cometer gaffes, de denunciar falta de cultura, etc.) que coloque a própria pessoa em causa.” Salvaguardando a premissa - não afirmada, contudo, mas com que JN concorde -, que a não participação encerra em si mesmo um significado e um valor comportamental para os outros que o avaliam, partimos, presumo, da certeza da “impossibilidade de não comunicar” (Watzlavick, ?). Assim, importa acrescentar a esta análise, pertinente mas incompleta, as presunções não testadas. Argyris e Schon (1974, 1978) afirmam que os indivíduos usam reagir (aqui, no mais lato senso da expressão: construindo impressões, formulando juízos, agindo, …) a um comportamento a partir de uma análise subjectiva, assente em premissas sobre o “outro” não testadas. Essas reacções são absolutamente incontroláveis pelo “outro” e definitivamente imprevisíveis. O que temos é menos uma gestão (mensurável e, consequentemente, controlável) da impressão dos outros sobre o “eu”, mas apenas mais uma – entre tantas… -manifestação da “ilusão do controlo”. Diz, terminando, JN: “Este fenómeno é tão interessante, de um ponto de vista sociológico, como preocupante.” Interessante não tenho dúvidas, mas, JN, preocupante porquê?!

Argyris, C. e Schon, D.A. (1974) Theory in pratice: increasing professional effectiveness. San Francisco: Jossey-Bass
Argyris, C. e Schon, D.A. (1978) Organizational learning. Reading, Mass.: Addison Wesley
Goffman, Erving (1993), A Apresentação do Eu na Vida de Todos os Dias, Lisboa: Relógio D’Água
Watzlavick, Paul (?) A pragmática da comunicação humana

terça-feira, julho 01, 2003

Poesia bloguiana. Vou evitar imiscuir-me nas pequenas vaidades da blogosfera e condoer-me com as pequenas dores da mesma, mas há, nestas trocas de palavras entre bolgs, algumas pérolas que não posso deixar de fazer notar… A não perder o texto genial de Vasco Graça Moura e, de igual mérito, a resposta de O meu pipi.

A puta da tosse. Será que a tosse tem relógio? Acaso verá ela o ocaso solar? Então, porque vem ela tão fortemente à noite?!

O marketing e os P’s. Estive, até ontem, preso na tarefa de realização de um plano de marketing. Liberto de tal empreendimento, e com a cabeça às voltas com os P’s do mix – sem ir tão longe como o Alfredo – lembrei-me de partilhar convosco uma pérola que me chegou por mail, de autor desconhecido:

Pedro Paulo Pereira Pinto, pequeno pintor português, pintava portas, paredes, portais. Porém, pediu para parar porque preferia pintar panfletos. Partindo para Piracicaba, pintou prateleiras para poder progredir. Posteriormente, partiu para Pirapora. Pernoitando, prosseguiu para Paranavai, pois pretendia praticar pinturas para pessoas pobres.Pouco praticou, porque Padre Paulo pediu para pintar panelas, porem, posteriormente, pintou pratos para poder pagar promessas. Pálido, porém personalizado, preferiu partir para Portugal para pedir permissão para papai, para permanecer praticando pinturas, preferindo, portanto, Paris. Partindo primeiro para Paris, passou pelos Pirineus, pois pretendia pintá-los. Pareciam plácidos, pesaroso, porém, percebeu penhascos pedregosos,preferindo pintá-los parcialmente, pois perigosas pedras pareciam
precipitar-se principalmente pelo Pico, porque pastores passavam pelas picadas para pedirem pousada, provocando provavelmente pequenas perfurações, pois, pelo passo, percorriam, permanentemente, possantes potrancas. Pisando Paris, pediu permissao para pintar palacios pomposos, procurando
pontos pitorescos, pois, para pintar pobreza, precisaria percorrer pontos perigosos, pestilentos, perniciosos, preferindo Pedro Paulo precaver-se. Profundas privações passou Pedro Paulo. Pensava poder prosseguir pintando, porém, pretas previsões passavam pelo pensamento, provocando profundos pesares, principalmente por pretender partir prontamente para Portugal. " Povo previdente! - Pensava Pedro Paulo. - Preciso partir para Portugal porque pedem para prestigiar patricios, pintando principais portos portugueses."
Passando pela principal praca parisiense, partindo para Portugal, pediu para pintar pequenos passaros pretos. Pintou, prostrou perante politicos, populares, pobres, pedintes. Paris! Paris! - Proferiu Pedro Paulo.- Parto, porem penso pintá-la permanentemente, pois pretendo progredir. Pisando Portugal, Pedro Paulo procurou pelos pais, porem, Papai Procopio partira para Provincia. Pediu provisoes, partindo prontamente, pois precisava pedir permissão para Papai Procopio para prosseguir praticando pinturas. Profundamente palido, perfez percurso percorrido pelo pai. Pedindo permissão, penetrou pelo portão principal. Porém, Papai Procopio puxando-o pelo pescoco proferiu: Pediste permissao para praticar pintura, porém, praticando, pintas pior. Primo Pinduca pintou, perfeitamente, prima Petunia. Porque pintas porcarias?
- Papai, -proferiu Pedro Paulo -, pinto porque permitiste, porém preferindo, poderei procurar profissão própria para poder provar perseveranca, pois pretendo permanecer por Portugal. Papapi Porcopio, pegando Pedro Paulo, pelo pulso, penetrou pelo patamar, procurando pelos pertences, partindo prontamente, pois pretendia por Pedro Paulo para praticar profissao perfeita: pedreiro! Passando pela ponte precisaram pescar para poderem prosseguir peregrinando. Primeiro, pegaram peixes pequenos, porem, passando pouco prazo, pegaram pacus, piaparas, pirarucus. Passaram pela picada proxima, pois pretendiam pernoitar pertinho, para
procurar primo Pericles, primeiro. Pisando por pedras pontudas, Papai Procopio procurou Pericles, primo proximo, pedreiro profissional perfeito. Poucas palavras proferiram, porem Papai prometeu pagar pequena parcela para Pericles profissionalizar Pedro Paulo, primeiramente Pedro Paulo pegava pedras, porém, Pericles pediu-lhe para pintar prédios, pois precisava pagar pintores praticos. Particularmente, Pedro Paulo preferia pintar prédios. Pereceu pintando prédios para Pericles, pois precipitou-se pelas paredes pintadas. Pobre Pedro Paulo, pereceu pintando...
Permita-me, pois, pedir perdão pela paciência, pois pretendo parar para pensar...
Pensei.

Portanto, pronto!
Pararei.

"Putz!"